França e Reino Unido suspenderão o embargo de armas para rebeldes sírios

(Atualiza com um artigo publicado por Fabius em "Libération")

Paris, 14 mar (EFE).- A França e o Reino Unido têm a intenção de suspender o embargo de armas voltado aos rebeldes sírios, embora não consigam convencer os demais países da União Europeia a fazer o mesmo, afirmou nesta quinta-feira o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius.

Questionado pela emissora de rádio "France Info" se os dois países tomariam essa decisão mesmo contrariando os demais membros da UE, Fabius respondeu "sim, exatamente".

"A posição que tomamos com os britânicos é que os europeus devem levantar o embargo para que os resistentes (sírios) possam defender-se", explicara previamente o ministro francês.

O ministro disse que pediu um avanço para determinar algo sobre essa questão, embora não tenha estabelecido um prazo, mas considerou que "é preciso ir muito rápido".

"Não se pode aceitar o desequilíbrio atual" em que o regime do presidente Bashar Al Assad recebe armamento da Rússia e do Irã e os rebeldes não.

Com relação a isso, insistiu em que "Bashar não quer se movimentar porque considera que tem a superioridade permanente com as armas".

Fabius considerou que "o balanço é horrível" no conflito sírio, com "mais de 70 mil mortos" e milhares de refugiados, em particular na Jordânia, onde a situação é "dramática".

Em artigo publicado nesta quinta-feira pelo "Libération", o ministro francês considerou que os opositores do Conselho Nacional Sírio (CNS) "não duvidou em estender as mãos a certos adversários para tentar acabar com este açougue", mas "Assad respondeu com mais bombardeios e impondo condições inaceitáveis".

"O processo político corre o risco de seguir bloqueado se a situação no terreno não evoluir. E por enquanto o combate do povo sírio pela liberdade é terrivelmente desigual", já que "a oposição não dispõe de meios suficientes para proteger a população", argumentou.

Fabius se mostrou convencido de que "Bashar al Assad só aceitará a oferta de negociação da CNS se não tiver outra solução" e isso significa que "para que uma solução política tome realmente corpo, a Coalizão não pode seguir" com um armamento muito inferior.

"Temos que ir em frente e permitir que o povo sírio se defenda contra este regime sanguinário", porque "se não, o massacre continuará sem outra provável saída que o reforço dos grupos mais extremistas e o afundamento da Síria com consequências desastrosas para o país e para toda a região", concluiu.

O chefe da diplomacia francesa reconheceu que o embargo europeu de armas partia de "uma ideia generosa: não acrescentar mais mortos aos mortos".

"Mas agora - acrescentou - esse embargo volta contra os que tinha ambição de proteger", porque não evita que a Rússia e o Irã armem o regime de Assad enquanto "impede o apoio aos que lutam legitimamente contra ele".

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