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Coptas do Egito celebram Páscoa em meio às adversidades, mas com esperança

02/05/2013 16h19

Mary Fayez.

Cairo, 2 mai (EFE).- Apesar dos atuais conflitos políticos e sociais no Egito, os cristãos coptas celebram nesta semana uma de suas festas mais importantes, a Páscoa, a primeira com o novo papa Teodoro II, com fé em um futuro muito melhor.

"Temos uma grande fé em que tudo o que está ocorrendo é controlado pelas mãos de Deus e, por isso, irá melhorar. Sentimos muito o que anda ocorrendo, mas não podemos deixar de celebrar nossas festas como sempre fizemos", afirmou à agência Efe o padre Sedrak, pároco de uma igreja na província de Menufiya, ao norte do Cairo.

Os cristãos coptas representam quase 10% da população egípcia e denunciam discriminações contra sua comunidade, entre elas os obstáculos para a construção de igrejas ou para ter acesso aos postos públicos.

Após a Revolução do dia 25 de Janeiro de 2011, a qual derrubou o ex-presidente egípcio Hosni Mubarak, a violência e as agressões contra os coptas e suas igrejas aumentaram consideravelmente no país.

Fady Emad, um médico de 29 anos, relatou à Agência Efe que o que ocorre atualmente no Egito o motiva ainda mais a celebrar essas festas religiosas, assegurando que "chegará o dia em que os cristãos alcançarão a igualdade em todos os âmbitos da vida".

No entanto, o médico reconheceu que seus desejos demorarão a ser alcançados devido à força e o poder por parte da Irmandade Muçulmana, grupo no qual militava o atual presidente egípcio, Mohammed Mursi.

"Independente de tudo, vou a celebrar a Páscoa na igreja com os amigos e com a família como sempre fiz. A igreja também a realizará como todos os anos", apontou o doutor Emad, que lamentou o fato dos cristãos não gozarem de todos seus direitos em seu próprio país, como o resto dos egípcios.

Este ambiente de tensão confessional que é registrado no país ainda se viu agravado nas últimas semanas.

No último dia 7 de abril, a catedral cairota de Abassiya foi atacada com pedras e gás lacrimogêneo pelas forças de segurança, um ato que foi qualificado por Teodoro II como "um incidente sem precedentes".

Nesse mesmo dia, milhares de coptas devam o último adeus a quatro jovens que tinham sido mortos em confrontos entre cristãos e muçulmanos na cidade de Al Jusus, no norte do Cairo, os quais se transformaram em uma verdadeira batalha campal nos arredores da catedral.

Samuel Metias, líder do grupo "escoteiro" da catedral de Abassiya, indicou à Agência Efe que, apesar destes últimos distúrbios, "a entidade, em coordenação com o Ministério do Interior, tomará as mesmas de todos os anos para garantir a segurança do templo durante a vigília do Sábado de Aleluia".

"Tudo seguirá igual aos anos anteriores e não haverá nenhuma medida especial por causa dos últimos distúrbios e nem haverá nenhuma celebração distinta por esta Páscoa ser a primeira realizada com o novo papa Teodoro II", destacou Metias.

O novo patriarca copta criticou com dureza esses "atos de discriminação" contra os cristãos, assim como a suposta negligência por parte do governo egípcio e de Mursi.

Durante a Semana Santa, os cristãos egípcios vão à igreja quase todos os dias para evocar o sofrimento de Jesus até sua crucificação, para depois, no domingo, reviver a alegria por sua ressurreição.

Maurice, que trabalha como gari na igreja de Santo Mina, localizada em um bairro central do Cairo, afirmou à Agência Efe que "os cristãos vão comparecer ao templo sem medo e com suas famílias para celebrar os rituais da Semana Santa".

"Para que ter medo se Deus o controla tudo? Estes momentos são especiais, e os coptas os celebram confiantes que, em breve, superarão todas as tristezas e viverão momentos de plena felicidade", finalizou Maurice.