Topo

Fascinação dos tailandeses pela simbologia nazista inclui lanchonete do Hitler

Noel Caballero

Em Bancoc (Tailândia)

19/08/2013 06h14

Camisetas com o rosto de Hitler, campanhas publicitárias usando a imagem do ditador alemão, festas escolares com temática nazista e políticos que cumprimentam o Fuhrer no parlamento são alguns exemplos de simbologia nazista que criaram polêmica na Tailândia.

A última discussão sobre a figura do ditador alemão no país surgiu quando um jornalista britânico, estabelecido há anos em Bancoc, publicou no Twitter o descobrimento de um restaurante de fast-food chamado "Hitler Fried Chicken".

Universidade tailandesa pede desculpas por mural que coloca Hitler entre super-heróis

  • Simon Wiesenthal Center/Divulgação

    A Universidade Chulalonkorn, da Tailândia, pediu desculpas por um mural pintado por seus alunos em que Adolf Hitler aparece entre imagens de super-heróis como o Hulk e o Capitão América.

    O mural foi pintado do lado de fora da Faculdade de Belas Artes em homenagem à formatura de alunos e incomodou os responsáveis pelo Centro Simon Wiesenthal, organização internacional de direitos humanos.

O local tem as cores e a estética da conhecida franquia "KFC" e criou seu logotipo com a imagem de Adolf Hitler fantasiado com gravata borboleta e avental, assim como no logo protagonizado pelo Colonel Sanders.

A companhia dona dos direitos comerciais da franquia indicou que o KFC estuda processar o estabelecimento tailandês, ainda que a imprensa local tenha colocado em dúvida a existência do restaurante após atribuir as imagens a uma piada de mau gosto do site de humor "Amusing Thailand".

No popular mercado de Chatuchak, em Bancoc, que recebe dezenas de milhares de turistas nos finais de semana, não é raro encontrar entre os estandes bandeiras ou adesivos com o estandarte da Alemanha Nazista.

Nas barracas de comércio de rua e até em lojas de shoppings da capital tailandesa é possível comprar camisetas que trazem a figura do líder nazista misturada com ícones da cultura contemporânea, como o palhaço Ronald McDonald ou os Teletubbies.

É frequente encontrar jovens tailandeses nas ruas vestindo camisas estampadas com a suástica, símbolo que o nazismo tomou emprestado das religiões budista e hinduísta.

Há dois anos, um colégio católico da cidade de Chiang Mai, no norte do país, teve que pedir desculpas depois que alguns alunos chegaram a uma festa escolar vestindo roupas do exército nazista, enquanto a jovem que liderava o grupo estava fantasiada de Adolf Hitler.

"A educação pública tailandesa promove doutrinas centradas em um futuro de pesado trabalho manual. São dadas mais aulas sobre culinária, agricultura e carpintaria do que sobre a história dos eventos do século 20", afirmou à Agência Efe Boong Chayanee, professora em um centro tailandês.

Há algumas semanas, durante a cerimônia de graduação da prestigiada Universidade de Chulalongkorn, onde estuda a elite tailandesa, um grupo de alunos pintou um mural onde o ditador alemão aparecia junto de heróis dos quadrinhos como Batman, Capitão América e Superman.

A ONG de direitos humanos The Simon Wiesenthal Center afirmou em comunicado que estava "horrorizada e angustiada pelo silêncio da universidade ao exigir-lhes a retirada do mural", colocado próximo da faculdade de história, ao lembrar o genocídio judeu ordenado por Hitler.

O parlamentar Boonyod Sukthinthai do Partido Democrata, antes de ser expulso da câmara legislativa, dedicou ao presidente do parlamento três saudações "Heil Hitler".

Boonyod acusou o moderador da assembleia de comportamento "ditatorial e totalitário", após negar-lhe o uso da palavra em várias ocasiões.

A imagem do Fuhrer saudando as pessoas que se dirigiam à Pattaya, a 200 quilômetros ao sudeste de Bangcoc, foi utilizada pelo museu de cera desta cidade litorânea para promover-se durante vários meses em 2009.

Em 1994 o filme "A lista de Schindler", dirigido por Steven Spielberg e ganhador de sete estatuetas do Oscar, esteve perto de ser censurado pelas autoridades tailandesas por causa de uma cena de nudez.

O filme, que narra os esforços de um industrial alemão para salvar mais de mil judeus do terror nazista na Segunda Guerra Mundial, foi qualificado como "propaganda sionista" nos países vizinhos Indonésia e Malásia, ambos de população de maioria muçulmana.