Acordo da OMC terá pouca repercussão nos países pobres, afirma ONG

Genebra, 7 dez (EFE).- O acordo alcançado na cúpula ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Bali, que abrange questões relacionadas com procedimentos alfandegários e segurança alimentar, "dificilmente fará uma diferença" para os países pobres, disse neste sábado a ONG "Oxfam".

Ao comentar a reunião do mais alto nível que a cada dois anos a instituição multilateral do comércio realiza e que temia que fracassasse após os desacordos prévios em Genebra, a ONG destacou que o acordo tem o mérito de manter vivas as negociações sobre como permitir que os Estados utilizem certas subvenções aos alimentos em favor de sua população mais pobre.

Ao término da reunião ministerial, que teve que ser prolongada por um dia perante a impossibilidade de chegar a um entendimento dentro do prazo previsto, os 159 países-membros da OMC aprovaram um acordo que garante por um período de quatro anos a vigência de uma "cláusula de paz" que protegerá os países que optem por medidas para garantir a provisão de alimentos básicos a sua população em caso de emergência de ser denunciados por isto perante a OMC.

"A cláusula de paz não pode ser o fim da história e os negociadores devem agora encontrar uma solução a longo prazo para mudar regras que se interpõem nas políticas de segurança alimentar dos países em desenvolvimento", opinou o assessor principal da Oxfam, Romain Benicchio.

Durante as negociações em Bali, a Índia bloqueou o acordo na parte de facilitação do comércio até obter a garantia de que poderia manter sua política sobre segurança alimentar, a qual se opôs fortemente os Estados Unidos.

Segundo Benicchio, "os benefícios (do acordo alcançado) foram superdimensionados e os custos para sua implementação nos países pobres foram completamente ignorados".

A OMC alcançou hoje um acordo histórico na ilha de Bali que desbloqueia a Rodada de Doha, estagnada desde 2008, e permite avançar na liberalização do comércio internacional.

Os 159 países-membros da OMC mostraram vontade política ao superar os desentendimentos e acordarem em temas importantes sobre agricultura, facilitação do comércio e desenvolvimento.

Os partidários calculam que este pacto suporá US$ 1 trilhão à economia mundial e que criará 21 milhões de postos de trabalho, números que o comissário europeu de Comércio, o belga Karel de Gucht, se mostrou reticente a confirmar.

Os opositores, como World Development Movement, qualificaram de insuficiente os compromissos adquiridos em Bali e de beneficentes para as grandes corporações e não para os pobres.

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