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Liberdade de imprensa cai para nível mais baixo da última década

Em Washington

01/05/2014 17h16

A liberdade de imprensa no mundo todo caiu para o nível mais baixo em uma década, incluída uma deterioração do ambiente nos meios de comunicação nos Estados Unidos, segundo um relatório publicado nesta quinta-feira, dia da liberdade de imprensa, pela organização Freedom House.

O grupo independente sediado em Washington pintou seu mapa de verde, sinal de "Imprensa Livre", em Austrália, Canadá, Costa Rica, Estados Unidos, na maior parte da Europa, Israel, Japão e Uruguai.

O amarelo de "parcialmente livre" inclui a maior parte da América do Sul, o noroeste e o sudeste da África, Índia, Itália, os países balcânicos, Índia, Mongólia, Indonésia e Filipinas.

Os outros, incluídos Cuba, Equador, México, Rússia, Venezuela, China, Vietnã, Camboja, Madagascar, grande parte de do centro e do nordeste da África, Oriente Médio e Golfo Pérsico aparecem no tom violeta, de países sem liberdade de imprensa, segundo o grupo.

A deterioração global da liberdade de imprensa, de acordo com a Freedom House, "esteve estimulada em parte por um retrocesso maior em vários países do Oriente Médio, incluído Egito, Líbia e Jordânia, notáveis retrocessos na Turquia, na Ucrânia e vários países do leste da África".

A diretora do projeto que elabora este relatório anual, Karin Karlekar, assinalou que foi percebida "diminuições no nível global de liberdade dos meios impulsionadas pelos esforços de governos para controlar a mensagem e castigar o mensageiro".

"Encontramos no ano passado em todas as regiões do mundo governos e atores privados atacando jornalistas, impedindo seu acesso físico aos eventos noticiosos, censurando o conteúdo e ordenando demissões de jornalistas por motivos políticos", acrescentou Karlekar.

Dos 197 países e territórios avaliados pela Freedom House em 2013, 32% ficaram na categoria de "livres", 35% na de "parcialmente livres" e 33% na de países "sem liberdade".

"Os oito países com as piores qualificações continuam sendo Belarus, Cuba, Guiné Equatorial, Eritréia, Irã, Coreia do Norte, Turcomenistão e Uzbequistão", acrescentou o relatório.

Na América Latina a liberdade de imprensa caiu para o nível mais baixo em cinco anos e "só 2% da população latino-americana vive em ambientes com imprensa livre".

A Freedom House baixou a pontuação de Honduras, Panamá, Suriname e Venezuela, e subiu as do Paraguai. Cuba mais uma vez foi considerado o país com as piores condições para exercer a liberdade de imprensa na região, embora tenha melhorado ligeiramente sua nota.

A organização indicou também que na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro manteve "os esforços de seu antecessor (Hugo Chávez) para controlar a imprensa", enquanto o Equador experimentou "mais deterioração" com as novas leis e regulações que afetam a imprensa.

Das nações latino-americanas em que foi avaliado não haver liberdade de imprensa, o relatório destacou que o México "continuou sendo um dos países mais perigosos e complicados do mundo para a prática do jornalismo", com 76 jornalista assassinados entre 2000 e 2013, e outros 16 desaparecidos desde 2003.

O caso de Honduras, segundo a Freedom House, é semelhante ao do México, pelo efeito intimidatório que a violência causa no exercício livre do jornalismo, mas a isso é preciso somar o aumento da autocensura quando se trata de assuntos como a corrupção ou as relações de funcionários públicos com o crime organizado.

O relatório apontou que "as condições nos Estados Unidos se deterioraram principalmente devido as tentativas do governo de inibir a informação sobre assuntos de segurança nacional".

A organização indicou que os países latino-americanos que desde 2009 tiveram piora nas condições de liberdade de imprensa foram, na ordem, Equador, Panamá, Bolívia, Honduras e Nicarágua, enquanto a única nação da região que registrou avanços foi a Colômbia.

De acordo com este grupo, o Brasil está na lista de países da América Latina em que só há parcialmente liberdade de imprensa, junto com Guatemala, El Salvador, Nicarágua, Haiti, República Dominicana, Panamá, Colômbia, Peru, Chile, Argentina, Paraguai, Bolívia e Guiana.