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Morales afirma que água que na fronteira com o Chile é boliviana

De Santa Cruz

14/06/2014 16h07

O presidente da Bolívia, Evo Morales, reivindicou neste sábado (14) que as águas da região fronteiriça do Silala, recurso que é objeto de controvérsia do Chile, são um manancial e apresentou garrafas desta água que serão distribuídas na Cúpula do G77 e China, realizada neste fim de semana em seu país.

O líder apresentou com "enorme alegria" as garrafas "comemorativas" da Cúpula do G77 e destacou que se trata de "água muito doce, saudável" que também será engarrafada em processo de industrialização para o consumo interno.

As águas do Silala, na região andina de Potosí, são objeto de uma controvérsia porque o Chile defende que é um rio de curso internacional que beneficia o norte de seu território, enquanto a Bolívia assegura que é um manancial, cujas águas foram desviadas por canais artificiais.

Morales disse que visitou várias vezes o Silala e pode confirmar que se trata de mananciais, ao mesmo tempo em que ressaltou que esta era uma ocasião para que os países conhecessem os recursos hídricos que a Bolívia possui.

As garrafas foram usadas também em uma instalação do artista boliviano Gastón Ugalde que adorna um parque ecológico no recinto no realizado a Cúpula do G77 e China.

O indígena guatemalteca Rigoberta Menchú, Prêmio Nobel da Paz, assistiu ao ato nesse parque e bebeu a água do Silala.

Além da controvérsia pelos recursos do Silala, a Bolívia mantém com o Chile um conflito judicial para exigir uma restituição de sua saída ao Pacífico, perdida em uma guerra do século XIX.

O governo do presidente boliviano, Evo Morales, apresentou no ano passado um requerimento perante a Corte Internacional de Justiça de Haia para pedir uma decisão que obrigue o Chile a negociar definitivamente uma saída ao Pacífico, após mais de cem anos de diálogo sem resultados.

O ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005), designado por Morales para explicar em fóruns internacionais o julgamento contra o Chile, devia haver apresentado em uma atividade paralela na sede da Cúpula do G77 e China o "Livro do Mar" para explicar a causa boliviana, mas o ato foi suspenso, sem que se dessem a conhecer as razões.

Com relação a isso, o ministro boliviano da presidência, Juan Ramón Quintana, confirmou hoje que não está em agenda a apresentação desse livro, nem que o "tema marítimo seja abordado na cúpula, que tem uma agenda muito mais ampla e global".