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Erdogan assume Presidência da Turquia

28/08/2014 10h25

Ancara, 28 ago (EFE).- O islamita Recep Tayyip Erdogan prestou nesta quinta-feira juramento como o primeiro presidente da Turquia eleito nas urnas, o que lhe outorga um mandato de cinco anos à frente do país.

O juramento do até agora primeiro-ministro durante 12 anos aconteceu no parlamento, em cerimônia da qual participaram dezenas de convidados estrangeiros, embora tenha destacado a ausência de dignatários ocidentais de primeiro nível.

O novo chefe de Estado, o 12º na história da República, deve encarregar nas próximas horas a formação de um novo Governo ao até agora ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu.

"Como presidente, juro que vou defender a independência do Estado, sua unidade, e vou ser fiel aos princípios laicos da Constituição", leu Erdogan em sua posse.

Após o juramento, Erdogan, tal como pede o protocolo, se dirigiu ao Mausoléu de Mustafa Kemal "Atatürk", para render honras ao fundador e primeiro presidente da Turquia moderna.

Participaram da posse cerca de 15 chefes de Estado, quase todos de países vizinhos ou culturalmente próximos à Turquia, como os presidentes de Bulgária, Macedônia, Albânia, Cazaquistão e Turcomenistão, entre outros.

No entanto, destacou a ausência de figuras ocidentais, e no caso dos EUA, apenas o encarregado de negócios de sua Embaixada em Ancara foi à cerimônia.

O novo chefe de Estado deixou claro que vai exercer uma presidência ativa, apesar de o cargo no sistema parlamentar turco ser em grande parte cerimonial e de seus antecessores terem buscado sempre um perfil institucional.

A chegada à presidência de Erdogan, de 60 anos, marca uma nova etapa em seu projeto de mudança política no país, entre cujas prioridades está impulsionar uma nova Constituição.

O veterano político não escondeu sua ambição de estar no poder pelo menos até o ano de 2023, quando se completa um século da fundação da moderna república turca laica.

Quase todos os analistas concordam que Erdogan vai dominar os trabalhos de governo desde o palácio presidencial de Çankaya, e que Davutoglu, um de seus mais leais colaboradores, o apoiará em suas ambições.

Erdogan disse que aspira a um sistema presidencialista com amplos poderes para o chefe do Estado, o que só se pode conseguir com mudanças constitucionais que requerem dois terços de apoio parlamentar, fora do alcance da atual maioria absoluta do partido islamita governamental.

Nem as acusações de corrupção e de governar de forma autoritária nem a polêmica que gerou por bloquear - até que o Constitucional o declarou ilegal - o acesso ao Twitter e ao YouTube, diminuíram a popularidade de Erdogan, que ganhou as presidenciais no último dia 10 com quase 52% dos votos.

Os deputados da maior legenda opositora turca, o Partido Republicano do Povo (CHP), abandonaram a cerimônia no Parlamento por não terem tido palavra para expressar seu mal-estar por considerar que Erdogan violou a Carta Magna.

Segundo repetiu o líder do CHP, Kemal Kilicdaroglu, Erdogan deveria ter deixado seu cargo de primeiro-ministro e a liderança de seu partido logo após se tornar de forma oficial presidente eleito. EFE

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