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Oposição protesta na Venezuela enquanto continua julgamento de López

29/08/2014 01h15

Caracas, 28 ago (EFE).- A oposição venezuelana protestou nesta quinta-feira com um panelaço e outras manifestações de rua contra o projeto de instalação de um sistema biométrico para a compra de produtos, enquanto o dirigente opositor Leopoldo López, preso há seis meses, foi a julgamento sem poder usar suas provas.

O panelaço foi convocado pela aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) para protestar contra o sistema biométrico que o governo de Nicolás Maduro disse que instalará nos supermercado do país para combater o contrabando e que a oposição tachou de método de "racionamento".

No entanto, o panelaço não teve a força de protestos anteriores, como os de fevereiro, quando o barulho retumbava nos redutos da oposição, embora as forças de segurança tenham se deslocado para evitar manifestações violentas.

Mais cedo também foram registrados protestos na rua contra o governo no leste de Caracas, e em outras cidades do interior do país.

O MUD afirmou no Twitter, ao convidar a população: "Nos racionam a água, a luz e agora nos dirão o que e quando comprar o que precisamos. Todos vamos bater panelas".

O partido de Leopoldo López, Vontade Popular (VP), não só se ocupou hoje de pedir o apoio para seu líder, mas também convocar para o panelaço com o rótulo #NoAlCaptahuellasDeMaduro.

Além disso, o VP lembrou aos membros da Polícia Nacional (PNB) e da Guarda Nacional (a polícia militar da Venezuela) "que os delitos contra os direitos humanos não prescrevem" após divulgar imagens dos oficiais disparando bombas de gás lacrimogêneo para conter a manifestação de hoje no leste da capital.

E enquanto soavam as panelas acontecia outra audiência do julgamento do opositor Leopoldo López, um processo que a defesa assiste às cegas, pois, segundo os advogados, o tribunal responsável pelo caso insiste em recusar as provas apresentadas pela defesa, incluindo as testemunhas.

López, preso desde 18 de fevereiro, é acusado de instigação pública, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio nos violentos confrontos de 12 de fevereiro em Caracas, que foram o detonador dos protestos contra o governo que duraram até maio e deixaram mais de 40 mortos e centenas de feridos.

"Foi uma covardia de Maduro ordenar minha prisão e agora tem medo que este 'julgamento' seja visto e ouvido", disse hoje López ao início da audiência, segundo sua esposa, Lilian Tintori, que publicou a frase na conta so Twitter do dirigente opositor.

Ela também informou que a próxima audiência acontecerá em 10 de setembro, mas sem dar mais detalhes.

Um dos advogados de López, Juan Carlos Gutiérrez, anunciou hoje que a equipe de defesa realizará semana que vem novas ações para pedir que sejam admitidas as provas da inocência do dirigente.

A equipe de advogados de López reivindicou que desde a audiência preliminar ao processo judicial, realizada no início de junho, foi negado à defesa todas as provas que apresentaram.

O julgamento, que começou em 23 de julho, já teve 3 audiências em agosto.

"Este é um julgamento onde se trata de reviver unicamente as provas apresentadas pela promotoria, porque não aceitaram as nossas, então nessa sala só haverá uma meia verdade e com uma meia verdade jamais haverá justiça", disse Gutiérrez.

O advogado também explicou que na audiência de hoje começou a fase de apresentação de provas em que as primeiras cinco testemunhas pertencentes aos corpos policiais de pesquisas científicas "farão declarações sobre os achados localizados" no trabalho de perícia.

Gutiérrez também denunciou "violações aos direitos fundamentais" do político que, assegurou, teve problemas de visão por causa do isolamento.

A dirigente opositora María Corina Machado assistiu a audiência de hoje e escreveu no Twitter: "acompanhando @Leopoldolopez hoje na audiência. Trazemos o compromisso de luta dos venezuelanos para libertá-lo".

Machado também reivindicou: "Todos - especialmente promotores e a juíza - sabem a magnitude da aberração que fazem contra @LeopoldoLopez. Também sabem que em breve estará livre".