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Líder da Sharia4Belgium se ausenta de julgamento contra 46 jihadistas

30/09/2014 09h01

Bruxelas, 30 set (EFE).- O Tribunal Correcional de Antuérpia, na Bélgica, iniciou nesta terça-feira o segundo dia do megaprocesso contra 46 jihadistas do movimento radical Sharia4Belgium com a ausência de seu líder, Fouad Belkacem, que é considerado responsável pelo recrutamento de jovens para o combate dos extremistas na Síria e no Iraque.

"Ele tem seus motivos, mas sua ausência não é uma falta de respeito com o tribunal", disse à imprensa um de seus advogados, John Maes, para justificar o não comparecimento de Belkacem, o porta-voz e fundador desse grupo extremista dissolvido há dois anos e que queria implantar a sharia (lei islâmica) na Bélgica.

Apenas seis dos 46 réus se apresentaram hoje ao tribunal, que julga a maioria deles à revelia, já que nove teriam morrido e outros 29 provavelmente estão na Síria, vinculados às atividades do Estado Islâmico (EI).

Entre os acusados que se apresentaram hoje estão os jovens Jejoen Bontinck e Michaël Delefortrie, que se converteram ao Islã para fazer parte do movimento de combatentes na Síria e foram supostamente recrutados por Belkacem.

A porta-voz da polícia, Veerle De Vries, afirmou que se trata do "maior processo por terrorismo jamais realizado em Antuérpia e provavelmente na Bélgica".

Além disso, o processo coincide com a decisão do governo belga de fazer parte da coalizão internacional contra as operações do EI no Iraque e na Síria.

Belkacem, de 32 anos, é o fundador da Sharia4Belgium que surgiu em 2010 e foi dissolvida em 2012, e da qual foi porta-voz e um de seus principais líderes junto ao responsável financeiro, Hicham Bechaib, que estaria na Síria.

Para a promotoria, Belkacem e Bechaib, entre outros, são responsáveis por recrutar jovens de Mechelen, Antuérpia e Vilvorde para o movimento jihadista e podem ser condenado a penas superiores a 15 anos, assim como à perda da nacionalidade.

Os advogados de acusação também querem determinar o papel na organização de Jejoen Bontinck, de 19 anos, que se apresentou como vítima do grupo.

Bontinck é acusado de pertencer à organização terrorista, e a promotoria o considera como um dos integrantes de seu núcleo de poder.

O jovem, educado em uma família católica e depois convertido ao Islã, afirmou que viajou à Síria como voluntário e afirma ter conseguido escapar dos jihadistas pois eles o consideravam um espião.

Ao retornar à Bélgica em um voo da Turquia, onde foi resgatado por seu pai, foi preso, mas responderá ao processo em liberdade, segundo o jornal "Le Soir", que também informou que o jovem é uma das principais testemunhas no processo.

Segundo Bontinck, durante o período em que esteve sob custódia dos jihadistas na Síria, permaneceu durante algum tempo na mesma cela em que estavam o americano James Foley, decapitado por estrmistas do EI, e o britânico John Cantlie, que permanece como refém da organização terrorista.