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Santos convida ex-presidente Uribe para conversarem sobre processo de paz

21/10/2014 01h15

Bogotá, 20 out (EFE).- O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, convidou nesta segunda-feira seu antecessor e forte crítico do processo de paz, senador Álvaro Uribe, para se reunirem para falar do processo de paz entre o governo e as Farc em Cuba.

"Convido ao senador @AlvaroUribeVel para nos reunirmos e falarmos, com critério patriótico, de paz", publicou Santos em sua conta no Twitter.

Em entrevista ao canal de televisão Notícias "RCN", Santos ratificou sua intenção de falar com Uribe, que foi presidente entre 2002-2010, e de quem foi ministro da Defesa.

"Se o presidente Uribe quiser vir aqui ao Palácio será bem-vindo para discutirmos os assuntos primordiais da Nação, entre eles o mais importante: a paz", disse o presidente.

Santos foi eleito presidente em 2010 com o apoio de Uribe, de quem se distanciou. Hoje estão em lados opostos, com o ex-presidente líder da oposição e feroz crítico do processo de paz com as Farc apoiado nas trincheiras de seu partido, o Centro Democrático.

"Eu estou mais do que disposto a me reunir com o senador Uribe, com o Centro Democrático, para discutir todos estes temas, com critério patriótico, visando uma boa paz para todos os colombianos", acrescentou o chefe de Estado.

Santos lembrou que há algumas semanas sugeriu ao ex-prefeito de Bogotá, Antanas Mockus, que fosse mediador em uma aproximação entre o Centro Democrático e seu governo.

"Eu estou convencido de que nós, colombianos, devemos pôr nosso país e o valor supremo de qualquer país, a paz, acima de qualquer diferença pessoal, qualquer diferença política", explicou.

A mensagem do Chefe do Estado foi divulgada bem no momento em que o Centro Democrático aumentou suas críticas ao processo de paz que o governo e as Farc realizam em Havana desde novembro de 2012.

Na sexta-feira Uribe apresentou à imprensa um documento de seu partido que conclui que os acordos parciais já definidos entre os negociadores de paz do governo e as Farc são "titubeios" diante dos insurgentes.

Uribe e seu partido assinalaram 52 objeções sobre a propriedade da terra, a participação política e as drogas ilícitas, os temas em que já há acordos.

Em uma de suas mais fortes críticas, o CD assinalou que "em nenhum ponto do acordo é pedido às Farc que reconheçam seus vínculos estreitos com o narcotráfico" e consideram que de se o acordo sobre drogas ilícitas for aprovado "estaria se legalizando na Colômbia a maior operação de lavagem de ativos da história do território nacional".

Diante das críticas uribistas, o chefe negociador do governo no processo de paz com as Farc, Humberto de la Calle, assinalou que não é verdade que o Executivo esteja fraquejando perante a guerrilha.

La Calle insistiu que o Centro Democrático "faz afirmações inexatas sobre os acordos" e enfatizou que "não é certo" o que o documento do partido de Uribe diz sobre, por exemplo, "desapropriação e extinção do domínio" de terras.