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Lesoto encerra crise golpista com renúncia de chefe do exército

24/10/2014 06h13

Johanesburgo, 24 out (EFE).- Tlali Kamoli, general responsável pela tentativa de golpe contra o primeiro-ministro de Lesoto, Thomas Thabane, renunciará à chefia do exército por um "período específico", segundo o acordo alcançado entre o militar e representantes políticos desta região da África.

Além de Kamoli, renunciará ao cargo o delegado nacional da polícia, que deveria ser o sucessor de Kamoli à frente do exército.

O compromisso foi apoiado pelo vice-presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que representou a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), organização que reúne os países da região, e foi assinado ontem à noite na capital de Lesoto, Maseru.

O acordo foi firmado após semanas de confusão provocadas pela tentativa de golpe do exército, que obrigou o primeiro-ministro a se refugiar na África do Sul em 30 de agosto.

Kamoli mandou suas unidades tomarem as delegacias de polícia e cercarem a residência de Thabane após saber de sua saída do cargo pelo boletim do Estado.

O primeiro-ministro de Lesoto tinha decretado em junho o fechamento do parlamento por um período de nove meses para evitar uma moção de censura da oposição e dos dois partidos que, desde 2012, governam em coalizão com a Convenção de Todos os Basotos (ABC), de Thabane.

Apesar da pressão da SADC - que permitiu o retorno de Thabane ao país-, Kamoli se negou até agora a aceitar sua destituição.

Outro acordo assinado por Thabane e os membros da coalizão com a SADC tornou possível a reabertura, na última sexta, pelo rei Letsie III, do parlamento.

Segundo esse documento, o parlamento deverá convocar eleições gerais antecipadas no final de fevereiro de 2015, o que deve ser o passo definitivo para a resolução da crise levantada pela tentativa de golpe.

Com pouco mais de dois milhões de habitantes e uma enorme dependência econômica da África do Sul, a monarquia constitucional de Lesoto sofreu vários golpes de Estado desde sua independência do Reino Unido em 1966.

Mas a África do Sul - cujo território rodeia o reino montanhoso - depende em grande medida de Lesoto para satisfazer a necessidade de água de seu grande centro industrial, a província de Gauteng, onde ficam Johanesburgo e Pretória.