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Papa pede ao PE que Mediterrâneo não se transforme em cemitério

25/11/2014 13h56

Estrasburgo (França), 25 nov (EFE). - O papa Francisco pediu nesta terça-feira, em seu discurso no plenário do Parlamento Europeu, que seja feito de tudo para evitar que "o Mediterrâneo se transforme em um cemitério".

"Não se pode tolerar que o Mar Mediterrâneo se torne um grande cemitério! Nos barcos que chegam diariamente às costas europeias, há homens e mulheres que precisam de acolhimento e ajuda", disse o pontífice em seu primeiro pronunciamento público em visita à Estrasburgo.

Francisco disse ainda que os eurodeputados devem enfrentar juntos a questão migratória.

"No centro deste ambicioso projeto político, estava a confiança no homem como pessoa dotada de uma dignidade transcendente. 'Dignidade' é a palavra-chave que caracterizou a recuperação após a Segunda Guerra Mundial, a promoção da dignidade humana contra as múltiplas violências e discriminações que não faltaram, ao longo dos séculos, também na Europa", disse o pontífice.

O papa demandou a adoção de políticas corretas que ajudem os países de origem dos imigrantes a se desenvolver social e politicamente e a superar seus conflitos internos, segundo ele, a principal causa deste fenômeno.

"É necessário agir sobre as causas e não apenas sobre os efeitos", disse o papa na parte em que abordou o tema da imigração, uma das mais aplaudidas pelos eurodeputados.

No mês passado, terminou a operação "Mare Nostrum", promovida pelo governo italiano e que contabilizou, segundo seus números, 150 mil imigrantes resgatados e 330 traficantes detidos em um ano. Mas isto não pode impedir, segundo números do próprio governo, que mais de 500 pessoas tenham morrido neste ano, nem que 1.446 ainda estejam desaparecidas.

"Chegou o momento de abandonar a ideia de uma Europa temerosa e fechada sobre si mesma para suscitar e promover a Europa protagonista, portadora de ciência, de arte, de música, de valores humanos e também de fé", disse o pontífice perante a representação dos cidadãos da União Europeia (UE), à qual lembrou que o mundo é agora "menos eurocêntrico".