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Comissão do Senado do Paraguai investiga mortes de jornalistas

Em Assunção

16/12/2014 18h33

O senador paraguaio Arnoldo Wiens, membro da comissão parlamentar que investiga o assassinato do jornalista Pablo Medina e de sua assistente, Antonia Almada, afirmou nesta terça-feira (16) que um dos suspeitos de praticar o crime teria relações com políticos brasileiros.

O jornalista e sua acompanhante foram mortos há dois meses. Pablo Medina era correspondente do jornal "ABC Color" no departamento de Canindeyú, na fronteira com o Brasil, e investigava a atuação de traficantes e produtores de maconha na região.

Além de Medina, outros dois jornalistas paraguaios foram assassinados neste ano, Fausto Alcaraz e Elías Fernández Fleitas, ambos mortos após publicarem reportagens sobre o tráfico de drogas no Paraguai, segundo a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP)

Segundo o senador paraguaio, Vilmar Acosta, suspeito de ser o mandante do crime, teria ligações com políticos brasileiros. Wiens cita uma suposta "amizade" de Acosta com o governador eleito do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB).

Acosta é prefeito da cidade de Ypejhúe e é considerado foragido pela polícia paraguaia. Outros dois suspeitos também estão foragidos. As declarações do senador foram feitas com base em depoimentos de Arnaldo Cabrera, motorista de Vilmar Acosta, o único suspeito detido pelo crime até o momento.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (17), o governador eleito do Mato Grosso do Sul afirma que reagiu com indignação à declaração. "São informações mentirosas, levianas e absolutamente irresponsáveis”, afirma.
 
Segundo a nota, o Azambuja não mantem qualquer vínculo com os citados. O governador eleito disse estar disposto a adotar todas as medidas judiciais cabíveis, no Brasil e no Paraguai, por danos contra sua imagem pública e hoje mesmo determinou a entrada de advogados no caso.
 
"Reinaldo Azambuja acredita que seu compromisso em rever e reforçar a política de Segurança Pública na fronteira de Mato Grosso do Sul --prioridade de seu futuro governo-- pode estar por trás da manipulação de informações e tentativa de atingir sua honra e sua credibilidade", diz a nota.
 
O Paraguai é o maior produtor de maconha da América do Sul e o Brasil o principal destinatário dessa droga.
 
As mortes de Medina e Almada provocaram um enorme debate no Paraguai sobre as conexões entre narcotraficantes e políticos, colocadas em evidência em um relatório da Secretária Nacional Antidrogas revelado pelo Congresso.