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Espião libertado por Cuba em acordo com EUA trabalhou para a CIA

Em Washington

18/12/2014 15h53

O espião libertado por Cuba em troca dos três agentes cubanos do grupo conhecido como "Los Cinco" que ainda estavam presos nos Estados Unidos trabalhou em segredo para a CIA e foi identificado como Rolando Sarraff Trujillo, segundo informou nesta quinta-feira (18) a imprensa.

A primeira informação sobre a identidade do espião foi publicada pela revista "Newsweek", que afirma que Sarraff Trujillo é um ex-criptógrafo da Direção de Inteligência de Cuba que trabalhou em segredo para a agência americana de inteligência, até que foi detido em meados dos anos 90.

Após anunciar sua libertação, nem o governo dos EUA nem o de Cuba lhe identificaram e a Casa Branca disse apenas que se trata de um agente de inteligência que esteve preso na ilha durante quase 20 anos.

Segundo funcionários americanos citados hoje pelo jornal "The Washington Post", a libertação de Sarraff Trujillo era uma prioridade para a inteligência americana dentro do acordo com Cuba.

Sem mencionar sua identidade, um porta-voz da Direção Nacional de Inteligência (DNI) dos EUA comentou que o agente exerceu "um papel decisivo" na identificação de vários espiões cubanos em território americano.

De acordo com vários meios de comunicação, Sarraff Trujillo teria proporcionado informação-chave para a detenção do grupo "Los Cinco" em 1998.

A libertação de Sarraff Trujillo foi estipulada em troca da de Gerardo Hernández, Ramón Labañino e Antonio Guerrero, os três agentes cubanos de "Los Cinco", condenados em 2001, que ainda permaneciam presos.

Eles três, mais René González e Fernando González, foram detidos em 1998 nos Estados Unidos quando o Birô Federal de investigações (FBI) desmantelou a rede de espionagem cubana "Vespa", que atuava no sul da Flórida.

Todos admitiram que eram agentes do governo cubano "não declarados" nos EUA, mas disseram espionar "grupos terroristas de exilados" que conspiravam contra o então presidente Fidel Castro, e não o governo americano.

Nesta quarta-feira também foi libertado o funcionário terceirizado americano Alan Gross, condenado em 2011 a 15 anos de prisão em Cuba por atividades subversivas, mas não como parte de uma troca, e sim "por razões humanitárias", segundo a Casa Branca.

Todas estas libertações ocorreram no marco do histórico anúncio dos presidentes dos EUA, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, sobre o início de um processo que permita normalizar as relações diplomáticas entre ambos países, rompidas desde 1961.