Topo

Presidente do Panamá ordena investigaçã "profunda" sobre invasão dos EUA

20/12/2014 20h29

Panamá, 20 dez (EFE).- O presidente panamenho, Juan Carlos Varela, o primeiro a honrar oficialmente os mortos na invasão americana de 1989, anunciou neste sábado que sua vice-presidente, Isabel De Saint Mau, dirigirá uma comissão que fará uma "profunda" investigação da ação militar e das exigências pendentes.

Além do vice-presidente e chanceler, a comissão será formada por "familiares das vítimas da invasão, Igreja Católica e outros setores da sociedade nacional", detalhou o governante no cemitério Jardim de Paz, onde prestou homenagem aos que morreram há 25 anos, durante a "Operação Causa Justa", como chamaram os americanos.

Parentes dos mortos na invasão ao Panamá de 20 de dezembro de 1989 pediram a Varela que esta data seja declarada luto nacional, que processe os Estados Unidos pelos danos ocasionados e para que peça perdão, a criação de um museu de história e o esclarecimento de quantos panamenhos morreram e permanecem desaparecidos por essa causa.

Varela disse a jornalistas, depois da homenagem, que comunicou à presidente da Associação de Parentes e Amigos dos Caídos na Invasão do 20 de dezembro de 1989, a major retirada Trinidad Ayola, que "todos seus pedidos serão amparados por esta comissão".

O governante manifestou que "é possível" declarar dia de luto nacional em 20 de dezembro.

"É um pedido que será analisado pela comissão que criamos, da mesma forma que as outras reivindicações que fizeram estas pessoas", explicou Varela.

Igualmente, Varela esclareceu que serão abordados todos os temas necessários que permitam curar as feridas e que o "Panamá possa avançar, as crianças crescerem unidas e sem divisões no povo por temas políticos".

"É uma maneira do Estado de contribuir com todas nossas forças a fechar essas feridas que ainda estão vivas em muitos panamenhos para poder assim, avançar unidos como país", precisou o líder, que raciocinou que uma das formas de honrar a memória desses panamenhos é através da consolidação da democracia e da separação dos poderes.

Os atos foram iniciados com uma oferenda floral e homenagem no memorial aos mortos no Jardim de Paz, um dos principais campos-santos da capital panamenha.

Os familiares das vítimas foram ao cemitério para prestar homenagem aos mortos levando cartazes nos quais pediam que a data de comemoração seja declarada dia de luto nacional.

Até agora, oficialmente no Panamá não há um número de mortos e desaparecidos na intervenção militar.

Na invasão americana, denominada "Causa Justa", cerca de 26 mil soldados chegaram ao Panamá para desmantelar o Exército panamenho e capturar o general Manuel Antonio Noriega, que se entregou 13 dias depois e foi condenado nos EUA a 40 anos de prisão por narcotráfico,.

Noriega foi o último general que deste país durante o regime militar instalado em 1968 por um golpe de Estado liderado pelo general Omar Torrijos, falecido em 1981.

Noriega está preso há três anos no Panamá por penas que somam seis décadas por violações aos direitos humanos e assassinato, após ser repatriado de uma cela na França, onde ficou preso por quase dois anos por lavagem de dinheiro.