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Último número de revista alvo de atentado teve charge "premonitória"

07/01/2015 14h43

Paris, 7 jan (EFE).- O mais recente número da revista satírica francês "Charlie Hebdo", dedicado ao polêmico escritor Michel Houellebecq, contém em suas páginas uma charge assinada pelo diretor da publicação, Charb, que parece premonitória.

Assassinado hoje junto com outras 11 pessoas - entre elas três dos principais cartunistas da revista - por supostos terroristas, Charb desenhou o que parece ser um jihadista abaixo de uma manchete: "França continua sem atentados".

A caricatura, com o dedo indicador apontado para cima, responde a essa notícia: "Temos até o final de janeiro para apresentar nossos desejos...".

A animosidade dos radicais islâmicos para com a revista vem desde 2006, quando foram publicadas as primeiras caricaturas do profeta Maomé em solidariedade ao jornal dinamarquês "Jyllands-Posten".

O "Charlie Hebdo" dedicou seu número desta semana a Houellebecq, protagonista de um intenso debate na França por ter imaginado, em seu novo livro, um futuro no qual o chefe de um partido islamita moderado se transforma em presidente do país com o apoio das legendas tradicionais.

Desde a publicação das charges de Maomé, o "Charlie Hebdo" sofreu ameaças e agressões constantes, a última em 2013, quando piratas cibernéticos atacaram seu site, provavelmente por causa da publicação de um suplemento especial com uma biografia em história em quadrinhos sobre Maomé.

Em setembro de 2012, a revista foi duramente criticada por publicar caricaturas de Maomé pouco após terem acontecido ataques a embaixadas e consulados ocidentais em países muçulmanos por causa da divulgação de um vídeo crítico ao islã.

Em 2 de novembro de 2011, a sede da revista foi incendiada após a publicação de um número sobre a vitória dos islamitas na Tunísia. EFE

er/id