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Justiça dos EUA não encontra provas contra policial que matou Michael Brown

Darren Wilson matou o jovem negro Michael Brown com 12 tiros em agosto, em Ferguson, e foi inocentado. A decisão do juri provocou uma onda de violência que se estendeu por 170 cidades em 37 Estados americanos - St. Louis County Prosecutor"s Office/ Reuters
Darren Wilson matou o jovem negro Michael Brown com 12 tiros em agosto, em Ferguson, e foi inocentado. A decisão do juri provocou uma onda de violência que se estendeu por 170 cidades em 37 Estados americanos Imagem: St. Louis County Prosecutor's Office/ Reuters

Em Washington

22/01/2015 00h27

A investigação federal do caso Ferguson não encontrou provas para acusar o policial que matou o jovem negro Michael Brown em agosto do ano passado, anteciparam fontes oficiais ao jornal "The New York Times".

A decisão final sobre a acusação do agente Darren Wilson terá que ser tomada nas próximas semanas pelo secretário de Justiça, Eric Holder, antes que ele deixe o cargo e seja substituído por Loretta Lynch, que ainda precisa da confirmação do Senado.

No dia 24 de novembro, a decisão de um grande júri de não acusar o policial levou milhares de pessoas às ruas de todo o país e a cidade de Ferguson, no Estado do Missouri, reviveu os distúrbios raciais que ocorreram após a morte de Brown, no dia 9 de agosto.

Diante da controvérsia do caso, o Departamento de Justiça iniciou uma investigação independente para determinar se houve violação dos direitos civis.

Segundo as fontes do "New York Times", os investigadores federais não encontraram provas que justifiquem o indiciamento de Wilson e, portanto, recomendarão que ele não seja acusado.

As versões das testemunhas e do policial sobre o ocorrido na noite de 9 de agosto são contraditórias. Alguns depoimentos sustentam que o jovem estava com as mãos para o alto quando o policial atirou contra ele, enquanto outros garantem que o jovem travou uma luta corporal com Wilson para tentar sacar sua arma.

Desde a morte de Michael Brown, os protestos raciais, iniciados em Ferguson, se estenderam por mais de 170 cidades de todo o país, com especial intensidade em Nova York, Washington, e Los Angeles.

Os EUA vivenciaram em 2014 o ressurgimento das tensões raciais no país, com violentos confrontos entre a polícia e minorias que evocaram as históricas manifestações dos anos 1960.

A mais trágica expressão desse mal-estar foi o assassinato de dois policiais nova-iorquinos, Wenjian Liu e Rafael Ramos, no dia 20 de dezembro por um afro-americano que queria vingar a morte de cidadãos negros cometidas por policiais.

Assim como no caso de Michael Brown, o policial envolvido na morte do também negro Eric Garner, em julho, não foi indiciado. Garner morreu em uma abordagem policial após ser imobilizado com uma gravata.

Os dois casos desencadearam as maiores mobilizações e forçaram o governo a situar a discriminação racial por parte da polícia como uma das prioridades de sua agenda.