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ElBaradei afirma que muçulmanos se sentem humilhados pelo Ocidente

25/01/2015 09h01

Viena, 25 jan (EFE).- O prêmio Nobel da Paz 2005, Mohamed El Baradei, considera que o aumento do terrorismo islamita se deve ao fato de muitos muçulmanos se sentirem tratados "como lixo" pelo Ocidente.

Em entrevista publicada neste domingo pelo jornal austríaco "Die Presse", o diplomata egípcio assegura que "não é desculpa para o que ocorreu em Paris, é horrível, mas os jihadistas são fáceis de recrutar neste ambiente".

ElBaradei se refere ao sentimento de humilhação dos muçulmanos em países como o Afeganistão, Síria, Líbia e Palestina como raiz da radicalização.

"Temos que entender por que estas pessoas não são o Dalai Lama, mas terroristas suicidas", disse ElBaradei, que tem sua residência em Viena.

ElBaradei estima que o Ocidente é "disfuncional" e "míope", e usa como exemplo a prioridade dada nos meios de comunicação ao ataque contra a revista satírica "Charlie Hebdo" no dia 7 de janeiro em Paris com relação ao silêncio acerca do massacre de centenas de nigerianos pelas mãos do grupo terrorista Boko Haram por volta dssa data.

"Quanto se informou sobre este fato?, se pergunta o ex-diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica, a agência nuclear da ONU, com sede em Viena.

Por outra parte, ElBaradei diz indiretamente que os Estados Unidos são a raiz dos problemas do Afeganistão.

"Agora todos dizem: Oh Deus, temos o "Estado Islâmico" (EI). Mas, quem criou o EI?. Quem abriu a porta da religião na política? Olhem para o Afeganistão. Quem apoiou aos mujahedins contra os russos?", comenta.

"Seria possível uma grande mudança se as pessoas do Afeganistão e na Índia tivessem a sensação que nos preocupamos por eles. Se solucionamos alguns de seus problemas e não apoiamos regimes repressivos. Caso contrário, estas bombas sociais e políticas explodirão em nossas caras", adverte o egípcio.

Após sua passagem pela agência nuclear de Nações Unidas, que dirigiu durante 12 anos até final de 2009, ElBaradei tentou participar da democratização do Egito.

Durante um mês, no verão de 2013, foi vice-presidente do Egito, mas renunciou perante o forte repressão contra os seguidores do então deposto presidente islamita Mohammed Mursi.