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Estudo prevê morte violenta de 42 mil jovens em sete anos no Brasil

28/01/2015 15h06

Rio de Janeiro, 28 jan (EFE).- Cerca de 42 mil jovens perderão a vida de forma violenta entre 2013 e 2019, segundo os cálculos de um estudo sobre Homicídios na Adolescência apresentado nesta quarta-feira no Rio de Janeiro pelo governo e ONGs.

Os dados deste estudo, elaborado de forma conjunta pela Secretaria de Direitos Humanos da presidência do Brasil, Unicef, o Observatório das Favelas e o Laboratório para a Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mostram, além disso, um grave problema de desigualdade racial que existe no país em torno da violência contra os adolescentes.

De acordo com o relatório, realizado nos 288 centros urbanos com população superior aos 100 mil habitantes e baseado em dados de 2012, de cada 100 mil jovens que nesse ano completaram 12 anos no Brasil, 332 deles estão em perigo de não chegar aos 19 vítimas de um homicídio.

Este dado representa um notável aumento de 17% com relação aos dados de 2011, quando o número foi de 284 mortes por cada 100 mil habitantes.

De acordo com um dos coordenadores do estudo, o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Ignacio Calo, "há três vezes mais possibilidades que morra violentamente uma criança negra do que uma criança branca".

Além disso, as meninos tem um risco 11,92 vezes maior de ser vítimas de um homicídio do que as meninas, sendo as armas de fogo o principal meio usado nestes casos de homicídio.

Trata-se de "uma situação brutal e sistemática de violência contra os adolescentes", em palavras do representante do Unicef no Brasil, Gary Stahl.

"A desigualdade se manifesta neste mapa de violência", apesar do êxito das políticas sociais realizadas nos últimos 12 anos, afirmou a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, presente no ato.

Para Nilma Lino Gomes, ministra da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial e que também participou da apresentação do estudo, "esta violência que incide em nosso adolescentes negros, principalmente, é uma questão de Estado".

A região nordeste apresenta a maior incidência de violência mortal, com 597 mortes de jovens por cada 100 mil habitantes, enquanto a região sudeste, a mais rica e povoada, confirma sua tendência de queda dos últimos dez anos, com apenas 225 casos.

Dentre as cidades mais importantes do país, Fortaleza, com 992 mortes por cada 100 mil habitantes, e Salvador, com 832, são as que apresentam uma situação mais negativa.

Ideli aproveitou a apresentação do relatório para fazer uma chamada à imprensa sobre o tratamento informativo que é dado às notícias que envolvem algum tipo de violência relacionada com os jovens.

A ministra considera que os meios dão um grande destaque às notícias sobre a violência exercida por parte de menores de idade apesar destes casos representarem uma mínima parte da violência do país.

Segundo os dados divulgados hoje pelo governo, enquanto a taxa de mortalidade por causas violentas alcança 36,5% entre as crianças e adolescentes, muito acima dos 4,8% da população em geral, "só 0,1% destas mortes é causada pelos mais jovens", recalcou Salvatti.