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Milhares marcham em Moscou para condenar aniversário de "golpe" ucraniano

Sergei Karpukhin/Reuters
Imagem: Sergei Karpukhin/Reuters

Em Moscou

21/02/2015 11h01

Cerca de 35 mil pessoas, segundo a polícia, percorreram o centro de Moscou neste sábado em uma marcha para condenar a revolução que há exatamente um ano derrubou o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, após três dias de sangrentos distúrbios.

Os manifestantes, convocados por uma centena de organizações sociais, levaram bandeiras russas e cartazes com palavras de ordem contra uma revolução que muitos na Rússia, inclusive autoridades com o presidente Vladimir Putin, qualificam de golpe de Estado.

O protesto terminou com um comício na praça da Revolução da capital russa, divisória à Praça Vermelha e praticamente junta ao Kremlin, uma área vetada para as manifestações da oposição extraparlamentar russa.

Embora o número de manifestantes tenha superado os 10 mil anteriormente autorizados pelas autoridades, a polícia de Moscou já antecipou que não multará os organizadores.

"Para que haja multa, a quantidade de manifestantes deve provocar consequências negativas como a ameaça à vida dos cidadãos ou a obstrução ao funcionamento normal das infraestruturas municipais, algo que não vimos", disse o chefe de segurança da polícia moscovita, Alexei Mayorov.

Há um ano, entre os dias 18 e 20 de fevereiro de 2014 e após três meses de grandes protestos contra o regime de Yanukovich, o centro de Kiev explodiu em sangrentos distúrbios que causaram a morte de mais de cem pessoas, entre manifestantes e policiais.

Dois dias mais tarde, Yanukovich foi deposto de seu cargo pelo parlamento ucraniano, que ao constatar que tinha fugido de Kiev na madrugada de 22 de fevereiro, demorou poucas horas para acusá-lo de abandono de funções.

O ex-presidente ucraniano fugiu então à Rússia, onde permanece refugiado até agora apesar de a Interpol ter ditado uma ordem de busca internacional contra ele por uma série de delitos financeiros dos quais é acusado em seu país.

Pouco depois da reviravolta de poder em Kiev, as novas autoridades ucranianas pediram ao Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, que processasse Yanukovich por crimes contra a humanidade por sua responsabilidade na repressão das manifestações.