Desaparecimento de professores é denunciado após enfrentamentos no México
Professores mexicanos denunciaram nesta quinta-feira (26) o desaparecimento de 12 companheiros e o estupro de quatro mulheres após os choques ocorridos na terça-feira (24) com os policiais no porto de Acapulco, quando uma pessoa morreu e 12 ficaram feridas.
O integrante da comissão política da Ceteg (Coordenadoria Estadual de Trabalhadores da Educação do Estado de Guerrero) Manuel Salvador Rosas disse que o grupo prepara uma denúncia pelos casos.
"Agora não são apenas os 43 [desaparecidos na cidade de Iguala]. Da repressão [de terça-feira] ainda temos 12 companheiros professores que não apareceram, não estão em suas casas e não estão detidos", indicou à "Rádio Fórmula".
Sobre as mulheres estupradas, disse que estas foram detidas, colocadas em caminhonetes e abusadas sexualmente por membros da Polícia Federal em becos escuros.
"Quatro professoras asseguram ter sido estupradas no momento da repressão", afirmou o dirigente, que acrescentou que uma delas "ainda está internada no hospital".
Rosas também negou que a causa da morte do professor aposentado Claudio Castillo, 65, tenha sido atropelamento, como sustenta o governo federal, e insistiu que a vítima recebeu golpes de parte de agentes policiais.
Na terça-feira, após um bloqueio por várias horas da via que conduz rumo ao aeroporto de Acapulco e de um infrutífero diálogo com as autoridades, um grupo de manifestantes empurrou um ônibus contra a cerca de agentes federais que faziam a segurança do acesso ao terminal aérea.
Os agentes responderam à agressão com o uso de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, o que derivou em um enfrentamento no qual os professores utilizaram paus, canos e pedras.
O delegado da Polícia Federal, Enrique Galindo, disse hoje que com o ônibus não somente os policiais foram agredidos, mas um grupo dos manifestantes no qual havia mulheres e crianças, e que é investigada se a morte de Castillo está vinculada com o fato.
"O tipo de lesão mostrada nas autópsias tem a ver mais com um atropelamento do que com outro tipo de lesões", insistiu Galindo, que indicou que entre os detidos está o motorista do ônibus.
Durante o enfrentamento foram detidos mais de 100 professores, dos quais 99 foram libertados na quarta-feira (25) e oito foram postos à disposição do Ministério Público.
A Ceteg realizou várias manifestações, algumas delas violentas, contra da reforma educativa promulgada em 2013, que eliminou privilégios dos agrupamentos gremiais.
Além disso, a coordenadoria se somou aos protestos pelo desaparecimento dos 43 estudantes da escola de magistério da cidade de Ayotzinapa, no sulista estado de Guerrero, pelas mãos de policiais e membros do crime organizado, ocorrida em 26 de setembro de 2014 em Iguala (Guerrero).
A Ceteg faz parte dos grupos civis que participarão hoje das mobilizações que ocorrerão em todo o país pelos cinco meses do desaparecimento dos jovens. São "cinco meses de impunidade", afirmou Rosas.
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