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Rebeldes afirmam ter recuado artilharia, mas Kiev se mostra cética

01/03/2015 17h41

Kiev, 1 mar (EFE).- Os separatistas pró-Rússia anunciaram neste domingo que completaram o recuo de seu armamento pesado da linha da frente, mas com o ceticismo das autoridades de Kiev, que acusaram as milícias de reagruparem suas forças para preparar novos ataques contra as posições das tropas governamentais.

"O exército da república popular de Donetsk concluiu a retirada de seu armamento pesado na presença de observadores da OSCE (a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa)", disse à imprensa o subchefe das milícias da entidade separatista, Eduard Basurin.

"No total foram retirados 26 grupos de artilharia, e hoje foi recuado o último deles".

Basurin acrescentou que todos os dados sobre o armamento retirado e sobre suas novas posições foram entregues à missão especial da OSCE.

Declarações no mesmo sentido foram feitas na vizinha e também autoproclamada república popular de Lugansk.

"A retirada (do armamento pesado) foi completada. Neste momento finalizamos os detalhes técnicos relacionados a sua localização", disse à agência russa "Interfax" o chefe do governo separatista de Lugansk, Gennady Tsiplakov.

O comando militar ucraniano, por sua vez, informou hoje que, apesar da noite o cessar-fogo ter sido respeitado, no sábado as posições das forças governamentais foram baleadas 34 vezes.

Oito soldados ucranianos ficaram feridos nestes ataques, disse em entrevista coletiva o coronel Andrei Lisenko, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia.

Lisenko advertiu que "se observam indícios de que o inimigo se prepara para novas ações ofensivas nos setores de Mariupol, Artiomovsk e Lugansk".

A missão especial da OSCE declarou que tanto as milícias separatistas como as tropas ucranianas começaram a retirar seu armamento pesado de amplos setores do front, mas ainda não confirmou que este processo tenha sido concluído.

A retirada deste tipo de armamento é o segundo dos 13 pontos dos acordos assinados em Minsk em 12 de fevereiro com a aprovação dos lideres de Ucrânia, Rússia, Alemanha e França.

A medida procura criar ao longo da linha de separação de forças uma faixa de pelo menos 50 quilômetros livre de armamento pesado.

Segundo a OSCE, a grande extensão do território de onde as peças de artilharia devem ser retiradas dificultam enormemente a verificação do recuo.

O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, declarou que o recente aumento do número de membros da missão da OSCE de 350 para 500 é "claramente insuficiente" e defendeu o envio de boinas azuis à zona do conflito.

O chefe do Estado anunciou que na próxima terça-feira enviará ao parlamento um projeto de lei para solicitar formalmente ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o envio de uma força de paz, cuja missão, segundo Poroshenko, deveria ser supervisionada pela União Europa.

De acordo com dados da ONU, nos 11 meses de conflito armado nas regiões orientais da Ucrânia cerca de seis mil pessoas, entre civis e combatentes, morreram, e mais de um milhão e meio de moradores foram deslocados.