Topo

EUA dizem a Israel que um acordo ruim com o Irã é melhor do que nada

03/03/2015 03h41

Washington, 2 mar (EFE).- A principal assessora de segurança nacional da Casa Branca, Susan Rice, defendeu nesta segunda-feira que "um acordo ruim com o Irã é melhor que nenhum" no Comitê de Relações Públicas Americano-Israelense (Aipac), o maior grupo de pressão judeu dos Estados Unidos, um dia antes do polêmico discurso no Congresso americano do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

"Declarações polêmicas ('sound bites') não impedirão que o Irã consiga uma bomba nuclear. Isso só será conseguido com diplomacia forte e pressão", disse Rice nesta segunda-feira durante o segundo dia da conferência anual do Aipac.

Além disso, a assessora de Barack Obama argumentou que "por mais desejável que seja a ideia, não é realista, nem alcançável" impedir a produção nuclear do Irã indefinidamente.

Susan foi a única representante do governo americano na conferência junto com a embaixadora na ONU, Samantha Power, em um contexto de tensão diplomática entre Estados Unidos e Israel, aliados históricos.

A assessora do presidente, que hoje defendeu a aliança entre os povos de EUA e Israel como "inegociável", garantiu na semana passada que a atitude de Netanyahu é "destrutiva para os fundamentos das relações" entre os dois países.

O governo dos EUA considera um desrespeito protocolar que Netanyahu tenha aceitado discursar sobre o Irã no Congresso, a convite do líder republicano da Câmara dos Representantes, John Boehner, sem consultar a Casa Branca.

O primeiro-ministro israelense explicará nesta terça-feira no Capitólio americano, com a ausência de vários legisladores democratas, por que, em sua opinião, um acordo com o Irã sobre seu programa nuclear seria um risco para a própria existência de Israel e para a segurança dos Estados Unidos.

"O Irã ameaça destruir Israel, está devorando um país atrás do outro no Oriente Médio, exporta o terrorismo e está desenvolvendo, enquanto nós falamos aqui, a tecnologia para construir armas nucleares, muitas delas", afirmou hoje o líder israelense em Washington.

"Os dias em que o povo judeu permaneceu passivo frente a ameaças de aniquilação terminaram", acrescentou.

Netanyahu se opõe a um acordo para que o Irã possa manter certa capacidade de enriquecimento de urânio, com fins pacíficos, em troca de um regime de inspeções.

O Congresso dos EUA elaborou um novo pacote de sanções contra o Irã com o apoio de legisladores democratas e republicanos à espera de avaliar os avanços no diálogo de Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha.

Essas potências e o Irã realizam, a partir de hoje, uma nova rodada de conversas na Suíça com o objetivo de se chegar a um acordo definitivo no final do mês.