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Governo argentino diz que Nisman buscava desestabilização com sua denúncia

Em Buenos Aires

04/03/2015 11h11

O governo da Argentina, por meio de uma mensagem oficial divulgada nesta quarta-feira, afirmou que o promotor Alberto Nisman buscava "gerar um efeito político desestabilizador" com a denúncia contra a presidente Cristina Kirchner por acobertamento de terroristas.

O promotor foi assassinado quatro dias depois de ter apresentado a denúncia, segundo a qual Cristina e colaboradores atuaram para encobrir a responsabilidade de iranianos no atentado contra a associação judaica Amia, em 1994, que deixou 85 mortos.

"Rejeitada a denúncia, resta perguntar que objetivos perseguia o promotor Nisman com sua denúncia infestada de contradições, carência lógica e sustentação jurídica. Pode-se pensar uma hipótese diferente que não seja a de buscar gerar um efeito político desestabilizador?", questionou o Executivo em um texto divulgado hoje nos principais jornais locais.

A denúncia de Nismam foi negada em 26 de fevereiro por falta de provas pelo juiz Daniel Rafecas.

O promotor especial da causa Amia morreu em 18 de janeiro com um tiro na cabeça em circunstâncias ainda não esclarecidas. Sua denúncia argumentava que Cristina Kirchner tinha negociado com o Irã o acobertamento de suspeitos pelo atentado em troca de intensificar as relações comerciais entre os dois países.

Nisman citava o memorando de entendimento estipulado com o Irã para investigar o atentado e aprovado pelo Congresso argentino em 2013 como um instrumento para garantir o não julgamento dos terroristas. O Irã, no entanto, nunca chegou a ratificar o memorando.

O Executivo ressaltou que após analisadas as evidências apresentadas por Nisman o juiz Rafecas não encontrou elementos que sustentem as acusações.

O governo frisou ainda que investigadores encontraram dois documentos redigidos pelo promotor semanas antes de morrer nos quais "ressaltava os esforços da presidente para levar os acusados a julgamento".

"Por que o promotor trabalhava em paralelo com dois objetivos opostos?", pergunta-se a mensagem, que tem a assinatura "governo da República Argentina".