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Opositores presos serão candidatos à assembleia venezuelana

Em Caracas

04/03/2015 01h18

 O secretário-executivo da Mesa da Unidade Democrática (MUD), a principal coalizão de oposição ao chavismo, Jesús Torrealba, informou nesta terça-feira que o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, o líder do partido Vontade Popular (VP), Leopoldo López e o ex-prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, os três detidos, serão candidatos nas eleições parlamentares.

Torrealba disse em entrevista ao site "Notícias 24" que recebeu ontem um "comunicado assinado" pelos três presos no qual afirmavam estar dispostos "a colocar seus nomes a serviço do país no contexto do esforço que significam as eleições parlamentares".

O porta-voz da aliança opositora garantiu que se eles forem eleitos "pelo soberano" em eleições parlamentares, para as quais ainda não há datas, "se isso ocorresse, se a decisão do soberano é tirar da prisão esses três dirigentes, não vejo de que maneira o governo poderia tentar impedi-lo".

O prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, está preso desde 20 de fevereiro acusado pelos crimes de "conspiração e associação", por seu suposto envolvimento em "planos conspiratórios".

Ledezma foi detido por supostamente ter envolvimento com dois jovens acusados de conspiração para a rebelião em setembro do ano passado, pessoas que Ledezma admitiu conhecer, mas garantiu que isso não significava "fazer parte de uma rede de terroristas para desestabilizar" a Venezuela.

Leopoldo López está preso desde 18 de fevereiro de 2014, acusado pela promotoria de incitação da violência, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio de escritórios e veículos públicos, crimes relacionados com os incidentes de violência do dia 12 de fevereiro do ano passado.

Naquele dia, ao final de uma manifestação convocada por López no centro de Caracas, além dos danos materiais, três pessoas morreram, o que levou a uma onda de protestos e manifestações contra o governo que deixou 43 mortos durante o primeiro semestre de 2014.

Já Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóbal e membro do partido de López, foi detido no dia 19 de março do ano passado, em Caracas, pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) depois que um tribunal da região ordenou sua prisão por "rebelião civil" e "formação de quadrilha".

Ceballos já foi condenado a 12 meses de prisão em outro julgamento por desacato a uma medida cautelar do Tribunal Superior de Justiça (TSJ), que obrigava às autoridades municipais a impedir a colocação de barricadas durante os protestos.

Foi destituído pelo TSJ e, em seguida, o Conselho Nacional Eleitoral venezuelano convocou novas eleições, que foram vencidas pela esposa de Ceballos dois meses depois.

Os três opositores estão detidos na prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas.