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Procurador-geral não descarta desmontar Departamento de Polícia de Ferguson

06/03/2015 20h56

Washington, 6 mar (EFE).- O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, garantiu nesta sexta-feira que o Departamento de Justiça utilizará toda sua autoridade para reformar o Departamento de Polícia de Ferguson, no Missouri, onde ano passado um agente branco matou um jovem negro desarmado, e não descartou desmontá-lo totalmente.

"Estamos preparados para utilizar todo o poder que temos para garantir que a situação mude ali", disse o procurador-geral após a divulgação nesta semana de um relatório, elaborado após o incidente, que acusa a polícia de Ferguson de discriminação racial.

Holder assinalou que as opções são amplas e vão "desde trabalhar com eles para formar uma estrutura completamente nova", afirmou o procurador-geral, que acompanhou o presidente Barack Obama à Carolina do Sul.

Perguntado pela imprensa se essas opções incluem desmantelar o Departamento de Polícia, Holder assegurou que, "se isso for necessário estamos preparados para fazê-lo".

O Departamento de Justiça apresentou na quarta-feira um relatório sobre a atuação geral da Polícia de Ferguson, em que a acusou de violar sistematicamente os direitos civis da população negra, com detenções sem motivo aparente e o uso excessivo de força principalmente contra a comunidade afro-americana.

Holder disse ter ficado comovido com os dados do relatório, que revelou que nos últimos dois anos os cidadãos afro-americanos de Ferguson, 67% da população, foram alvo de 85% das detenções de trânsito, 93% das prisões totais e estiverem presentes em 88% dos casos em que a polícia usou a força.

"Isto não é algo que vamos tolerar", insistiu Holder, que disse acreditar que o que aconteceu em Ferguson é uma anomalia fora do padrão dos 18 mil Departamentos de Polícia que existem no país.

O policial branco Darren Wilson matou Michael Brown, jovem negro de 18 anos, em agosto em Ferguson em circunstâncias pouco claras, o que provocou graves distúrbios raciais.

Em 24 de novembro um grande júri decidiu não acusar o agente.

Wilson afirmou que Brown o agrediu e tentou tomar sua arma, versão que contradiz o relato de algumas testemunhas, entre elas um amigo que acompanhava a vítima.

Segundo essas testemunhas, o agente efetuou vários disparos contra o jovem, que estava desarmado e com os braços para o alto, em atitude de submissão.