Topo

Em ato contra a censura, RSF libera 10 sites inacessíveis em 11 países

12/03/2015 08h26

(corrige por erro da fonte os sites envolvidos).

Paris, 12 mar (EFE).- Dez meios de comunicação digitais, bloqueados pelas autoridades em 11 países como Cuba, China e Rússia, estão acessíveis a partir desta quinta-feira graças a uma ação da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para comemorar o dia internacional contra a censura cibernética.

Por meio de um sistema de réplica dos endereços de internet, a organização conseguiu que essas páginas, censuradas pelos governos desses países, considerados todos eles "inimigos da internet", sejam acessíveis aos internautas.

A campanha "Liberdade colateral" pôs à disposição dos usuários de Cuba, China, Rússia, Irã, Vietnã, Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein, dez sites que estavam vetados pelas autoridades.

Os cubanos poderão consultar a página da agência independente "Hablemos Press", fundada em 2009 e que graças seus 30 correspondentes em 15 províncias do país pôde denunciar "as violações dos direitos humanos" cometidas pelo regime, o que provocou sua censura em 2011", segundo a organização.

O site está baseado no exterior e seus jornalistas exercem seu trabalho "em um contexto difícil", com permanentes confiscos de material e telefones grampeados, acrescentou a RSF.

O Departamento de Segurança Interior de Cuba lhes convocou para pedir-lhes que mudassem de linha editorial e, como não aceitaram, recebem permanentes ameaças e intimidação, afirmou a Repórteres Sem Fronteiras.

A organização defensora da liberdade de imprensa desbloqueou na China os sites "Mingjing news", referência do exílio chinês, e do tibetano "Tibete Post", defensor da independência da região.

site "Grani.ru", primeira vítima da nova lei de meios da Rússia, ano passado, após sua cobertura da crise ucraniana, também será desbloqueado.

O mesmo acontecerá com o portal da agência de imprensa em russo "Ferghana", que reaparecerá nas telas de cazaques, uzbeques e turcomanos, cujos governos o mantêm censurado pela independência de suas informações.

Inacessível no Vietnã desde 2009, a RSF desbloqueou o "Dan Lam Bao", onde os internautas do país compartilham opiniões.

A campanha também chegou ao mundo árabe, outra das regiões onde os governos são mais restritivos com a liberdade de expressão na internet.

Os iranianos, por exemplo, poderão acessar pela primeira vez desde o ano 2000 o site "Gooya News", um meio marcado pelo pluralismo, já que divulga notícias da oposição e do regime, mas que é proibido no interior do país pelas autoridades.

Esse é o mesmo caso do "Gulf Center for Human Rights", organização de defesa da liberdade de expressão na região e cujo acesso a RSF permitirá nos Emirados Árabes Unidos, onde foi bloqueada em janeiro deste ano.

Criado em plena revolta em Barein em 2011, o "Barein Mirror" está vetado nesse país um mês após sua criação e será reaberto tanto nessa nação como na Arábia Saudita.

A RSF destacou que para reabrir estes meios criará "espelhos" hospedados em grandes servidores, como Amazon, Google e Microsoft, cujo bloqueio por parte das autoridades desses países provocaria graves prejuízos econômicos às empresas, que não poderiam acessar o serviço destes gigantes.

"O custo do bloqueio destes 'sites espelhos' seria econômica e politicamente muito elevado para estes países 'inimigos de internet", afirmou a organização, que manterá as réplicas em funcionamento durante vários meses.