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Míssil que teria atingido voo da Malaysia não é fabricado desde 1995

Dominique Faget/AFP
Imagem: Dominique Faget/AFP

Cleyton Vilarino

Em Moscou

02/06/2015 13h46

A estatal russa Almaz-Antey, responsável pela fabricação dos mísseis BUK que teriam atingido o avião da Malaysia Airlines em julho de 2014, divulgou nesta terça-feira (2) em Moscou uma investigação independente na qual contesta as sanções aplicadas pela União Europeia à empresa.

De acordo com investigação apresentada pela Almaz-Antey, o míssil que poderia ter atingido a aeronave foi, com base nos danos causados na fuselagem do avião e a partir da cálculos matemáticos sobre o ângulo com que o projétil o atingiu, um modelo 9M38M1.

Também de fabricação russa, o projétil não é produzido desde 1995, tendo sua venda suspensa desde 1997, período que antecede a criação do consórcio liderado pela Almaz-Antey, segundo destacou a empresa que pede o fim dos embargos impostos pela União Europeia após o incidente.

A empresa ressaltou ainda que possui "provas de que, em 2005, foi feito um estudo contratual a pedido da Ucrânia para a extensão da vida útil desses mísseis", segundo destacou o diretor geral da Almaz Antey, Yan Novikov.

O estudo, no entanto, não foi concluído e passou a ser feito pela própria Ucrânia, que detém a tecnologia junto com Belarus e Finlândia, países que a adquiriram antes da criação da Almaz-Antey.

A partir da constatação de qual modelo do míssil que atingiu a aeronave que fazia a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur, a empresa chegou à conclusão também de que o projétil só poderia ter saído da região de Zaroschenskoie, mais ao sul da região divulgada inicialmente pelas autoridades internacionais (Snezhnoie).

A investigação da empresa foi realizada com base nas informações fornecidas pela Comissão de Investigação Internacional e em dados técnicos da tecnologia desenvolvida por ela mesma.

De acordo com os dados apresentados pela estatal, o trajeto feito pelo projétil foi de 71 a 78 graus no plano horizontal e de 20 a 22 graus no plano vertical, posição que explicaria o tipo de dano causado no avião.

"Se a culpa foi de uma das armas fabricadas por nosso consórcio, então digo que só poderia ser o modelo M1. Produzimos armas de defesa antiaérea, sentimos muito pelo que aconteceu com a aeronave, mas nossas armas foram usadas com outro destino", lamentou Novikov.