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Para Yoani Sánchez, cubanos esperam "soluções mágicas" dos EUA

A dissidente cubana Yoani Sánchez - Divulgação
A dissidente cubana Yoani Sánchez Imagem: Divulgação

Em Madri

02/07/2015 10h38

A dissidente cubana e diretora do meio digital independente "14ymedio", Yoani Sánchez, disse nesta quinta-feira (2) em Madri que há "muitas expectativas" com as mudanças que podem ocorrer em seu país e que a população está esperando "soluções mágicas" que podem levar a um "processo de frustração".

Sánchez participou hoje do 8º Fórum Atlântico, organizado pela Fundação Internacional para a Liberdade do escritor Mario Vargas Llosa, onde afirmou que atualmente em Cuba os problemas são "profundos demais".

Em um painel chamado "Uma oportunidade para os cubanos", a jornalista descreveu o momento atual vivido por Cuba com os Estados Unidos como "fundamental" para analisar se a reativação de relações diplomáticas "significa um progresso para a cultura da liberdade".

A jornalista disse que o dia 17 de dezembro "significou uma esperança", em alusão ao dia no qual foi colocado um fim a mais de meio século de inimizade entre a ilha e EUA com o anúncio do desbloqueio de suas relações diplomáticas.

No entanto, desde então os cubanos não tiveram "nem mais comida no prato, nem mais dinheiro no bolso, nem mais liberdades nas ruas", acrescentou.

Sánchez avaliou o "impacto" que teve a hashtag do Twitter #17D, referência a esse mesmo dia, mas reconheceu que os cubanos ainda "não são internautas e nem estão mais conectados, embora cada vez estejam mais perto de alcançar isso".

Em seu discurso, a blogueira lembrou também que os residentes no país necessitam "de permissão das autoridades cubanas" para se tornar internautas.

No entanto, Sánchez explicou que atualmente na ilha são denunciados mais "abusos de poder" e são visíveis os movimentos cívicos.

Segundo a diretora do "14ymedio", o acesso à internet em Cuba é um "reduto oficial onde o governo joga com o monopólio informativo, que já foi perdendo".

A dissidente explicou que atualmente em Cuba funciona uma "televisão clandestina" na qual muita gente compartilha informação através de discos rígidos externos e denunciou que para ter acesso a uma hora de navegação pela internet, um cubano tem que trabalhar durante uma semana completa.