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Campanha polarizada vai além da simples pergunta do referendo na Grécia

03/07/2015 18h33

Remei Calabuig.

Atenas, 3 jul (EFE).- A campanha eleitoral do referendo que a Grécia realizará no domingo entrou na reta final marcada pela extrema polarização das mensagens entre esquerdistas e conservadores, que transformaram a consulta popular em uma votação sobre a permanência do país no euro.

Cientes do que está em jogo para o país nas urnas, já que os cidadãos foram convocados para votar se aceitam ou não a proposta dos credores em troca do pagamento do resgate, os dois principais partidos do país elevaram o tom de suas mensagens.

O governamental Syriza pede apoio ao "não" para fortalecer a posição do governo nas negociações, mas destaca que esta decisão não significa a saída do país do euro.

"Não, para a Grécia da dignidade, para a Europa da democracia" diz o lema do Syriza, cuja campanha está focada em enfrentar as ingerências externas de líderes europeus como o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, que pediu voto no "sim" a fim de provocar a renúncia de Tsipras e fazer com que os credores possam "negociar com outro governo".

Como contrapartida, a juventude do Syriza lançou a campanha "Deem fobame (não temos medo)", que através de um vídeo respalda o "não" para evitar "a submissão".

O partido conservador Nova Democracia, por sua vez, pede o "sim", porque insiste que o que está em jogo é a permanência na moeda comum. A legenda alega que o "não" significará excluir a Grécia da zona do euro, por isso transformou o "sim à Grécia, sim ao euro" em seu principal slogan de campanha.

Para enviar esta mensagem, o partido do ex-primeiro-ministro Antonis Samaras mobilizou seus líderes históricos, os ex-chefes de governo Konstantinos Mitsotakis e Kostas Karamanlis. O primeiro esteve presente nas grandes manifestações convocadas pelo "sim" através da plataforma "Vivemos na Europa", e o segundo divulgou um vídeo para pedir o "sim", argumentando que o "não" será interpretado como "a decisão de sair do coração da Europa e será o primeiro passo rumo a esta saída".

Por se tratar de um referendo, organizações empresariais, sindicatos e plataformas diversos também lançaram campanha própria.

Do lado do "sim", por exemplo, está o "Comitê pelo sim", plataforma formada por organizações empresariais, sindicatos e ONGs, que lançou uma potente campanha com um grande ato nesta sexta-feira no antigo Estádio Olímpico de Atenas.

Em um de seus vídeos, a plataforma lembra declarações de membros do governo e do próprio Tsipras nas quais garantiam que o país estava "perto de um acordo" e que não haveria "nenhum referendo".

"Não acreditem neles" e "Agora dizem que o 'não' não significa a saída do euro" são algumas das mensagens da plataforma em apelo a favor do 'sim'.

Palavras de ordem de grupos independentes como "Escrevamos a história" ou alguns mais radicais como "Seu sangue está sendo bebido durante cinco anos. Diga 'não' agora", acompanhadas de imagens do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, fazem campanha pelo "não".

Em outro extremo está o Partido Comunista KKE, que rejeita ambas as opções e pede o voto nulo, um "não" a tudo.