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Gregos aguardam com calma e grande expectativa resultado do referendo

05/07/2015 09h35

Remei Calabuig

Atenas, 5 jul (EFE).- Mesmo com a expectativa com o resultado do referendo e a sensação de que ele determinará o futuro do país, a Grécia vive neste domingo um de calmo com a sensação de completa normalidade.

Entre os poucos cartazes eleitorais pelas ruas, o ambiente é como o de qualquer domingo, com menos trânsito e mais gente passeando, embora inevitavelmente a votação esteja em todas as rodas de conversa dos gregos.

Eles devem decidir hoje se aceitam ou rejeitam as medidas propostas pelos credores em troca do desembolso do resgate, após uma campanha eleitoral breve, mas com mensagens extremamente polarizadas entre o "sim" e o "não".

Em um dos colégios eleitorais de Kipseli, um bairro da classe trabalhadora perto do centro de Atenas, Vasilis zelava para que o procedimento acontecesse sem incidentes.

O adesivo com o 'nai' (sim) na camiseta denuncia seu voto.

"Apoio o 'sim', não porque esteja a favor das medidas de austeridade ou não tenha sofrido nos últimos anos, mas porque votar 'não' significa que ficaremos fora da zona do euro", justificou à Agência Efe este advogado de 30 anos.

Ele diz querer que os problemas do país "sejam solucionados no marco europeu, com nossos sócios europeus", pois acredita que a Grécia não pode encontrar soluções "isolada da Europa".

Vasilis confessou estar "assustado de que o não possa vencer, pois não será ruim só para a economia, mas para a democracia".

"Não confio em como o governo pode conduzir esse resultado", disse.

Justo na mesa eleitoral situada ao lado da de Vasilis, votou o primeiro-ministro, Alexis Tsipras.

Entre uma multidão de jornalistas de todo o mundo, Tsipras afirmou que o povo enviará a importante mensagem de que "toma em suas mãos seu destino".

"A vontade do governo, muitos podem ignorá-la. A vontade do povo, ninguém", disse Tsipras à imprensa, enquanto um grupo de pessoas aplaudia e cantava a favor de "um grande 'não'".

Uma delas é Io, que se aproximou do colégio eleitoral para mostrar seu apoio ao primeiro-ministro.

"Estou ansiosa pelo resultado, mas sou otimista de que os gregos votarão 'não' e demonstrarão que têm dignidade e querem manter sua soberania", comentou esta jovem militante do Syriza, que, apesar de ter apenas 26 anos, milita há oito na juventude do partido.

Ela explicou que a situação atual "não é justa" para sua geração, pois apesar de ter formação universitária, como é seu caso, não encontra trabalho e tem que continuar vivendo com os pais, quando não se são obrigados a emigrar.

"Se o 'sim' ganhar ficarei muito decepcionada, não posso negar, mas respeitarei o resultado, porque assim é a democracia", apontou.

Eleni, uma escritora de 53 anos, madrugou. Antes das 9h da manhã já tinha votado em um colégio de Ambelokipi, bairro popular perto do centro da cidade.

Ela disse à Efe que o que decidiu seu voto foi a conclusão de que Grécia "está em um beco sem saída tanto no nível econômico como social", ligado ao fato de que "a União Europeia não tem nenhuma vontade de contribuir para solucionar o problema da dívida".

"Estou convencida que o 'não' mudará a atitude dos sócios pela pressão do povo grego, embora ache que a Europa já não é democrática", argumentou.

Ao mesmo centro eleitoral foi Yanis, um bancário de 55 anos, que disse ter votado 'sim' para que a "Europa permaneça unida".

"Se o resultado for 'sim', a situação amanhã será difícil, mas se for 'não' será muito mais. O que me dá muito medo é o povo grego votar com a emoção e não com a lógica", confessou.