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Termina audiência de líderes do Khmer Vermelho condenados à prisão perpétua

06/07/2015 10h08

Phnom Penh, 6 jul (EFE).- Os dois antigos chefes do Khmer Vermelho condenados à prisão perpétua no Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade, Nuon Chea e Khieu Samphan, apresentaram o recurso de apelação contra a pena imposta nesta segunda-feira.

As audiências em Phnom Penh podem continuar se o tribunal aceitar o pedido para incluir mais testemunhas, mas em todo caso está prevista uma decisão após janeiro de 2016, indicou à Agência Efe o assessor de imprensa da corte, Neth Pheaktra.

A defesa alegou nas audiências, que começaram na quinta-feira, e nas quais três pessoas testemunharam, erros de fato e de direito durante o julgamento, e pediu a absolvição dos condenados ou, no caso de Nuon Chea, a redução da pena.

Nuon Chea, de 88 anos, e Kieu Samphan, de 83, foram condenados em agosto de 2014 pela responsabilidade nas deportações maciças para campos de trabalho e pela execução dos soldados do exército do general Lol Nol em 1975, ordenadas pelo Khmer Vermelho.

Nuon Chea foi o ideólogo e número dois desta organização maoísta, enquanto Kieu Samphan desempenhou o papel de chefe de Estado durante o tempo em que o Khmer Vermelho governou o Camboja, entre 1975 e 1979.

O recurso de apelação está sendo feito enquanto ambos os condenados são réus em outro julgamento que aborda o genocídio contra a minoria muçulmana cham e a população vietnamita, e a perseguição contra a comunidade de monges budistas.

As acusações também incluem a política de casamentos forçados e estupros, os expurgos internos, o estabelecimento de centros de tortura e o expurgo de oficiais do governo do general Lon Nol.

As acusações contra Nuon Chea e Khieu Sampahn se dividiram em dois processos para acelerar o julgamento por temor de eles morrerem antes da proclamação da sentença.

O tribunal internacional, patrocinado pela ONU, foi iniciado em 2006 e apresentou desde então acusações contra cinco pessoas: Nuon Chea, Khieu Sampha, Duch, Ieng Sary e sua esposa, Thirith.

O chefe torturador do Khmer Vermelho, Kaing Guek Eav, conhecido como Duch, foi o primeiro condenado, à prisão perpétua, por sua responsabilidade na morte de mais de 12 mil pessoas no centro de detenção e torturas de Tuol Sleng, em Phnom Penh, dirigido por ele.

O ministro das Relações Exteriores do Khmer Vermelho, Ieng Sery, morreu durante o julgamento, em 2013, e Thirith, ministra de Assuntos Sociais, foi diagnosticada com demência e seu processo foi suspenso.

O chefe do Khmer Vermelho, Pol Pot, morreu na selva cambojana em 1998, prisioneiro de seus próprios correligionários.

Cerca de 1,7 milhão de pessoas morreram durante o regime do Khmer Vermelho por causa de trabalhos forçados, doenças, crise de fome e expurgos políticos.