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No Paquistão, governo do Afeganistão e talibãs iniciam negociações de paz

08/07/2015 02h30

Islamabad, 8 jul (EFE).- Representantes do governo do Afeganistão e dos talibãs se reuniram no Paquistão para dar início a um processo de paz e reconciliação, marcando um novo encontro após o término do mês sagrado muçulmano do Ramadã.

As negociações entre os dois grupos na cidade turística de Murree, a cerca de 60 quilômetros da capital paquistanesa, Islamabad, começaram na tarde de ontem e se prolongaram até às 3h locais desta quarta-feira, informaram fontes oficiais.

"As delegações tinham o respaldo total de seus superiores, embora algumas facções dos talibãs tenham se distanciado da reunião. O encontro se desenvolveu em uma atmosfera cordial e ambas as partes concordaram em dar sequência às conversas", disse à Agência Efe o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, Qazi Khalil Ullah.

Na reunião, na qual estiveram presentes observadores dos governos dos Estados Unidos, China e do próprio país anfitrião, os participantes "expressaram seu desejo coletivo de levar a paz ao Afeganistão", disse o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão em nota.

Para isso, as duas partes "intercambiaram diferentes pontos de vista sobre como estabelecer a paz e a reconciliação" e concordaram que o processo só terá êxito se for encarado com "sinceridade e um compromisso total", completou o comunicado.

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, antecipou ontem através do Twitter a viagem de uma delegação do Alto Conselho de Paz do país para negociar com os talibãs. O vice-ministro das Relações Exteriores, Hekmat Khalil Kazar, fazia parte da delegação, explicou à Efe uma fonte do ministério que preferiu manter o anonimato.

Essa é a primeira vez que o governo afegão confirma sua participação em negociações de paz desde que Ghani assumiu a presidência em setembro do ano passado, apesar de membros do Alto Conselho já terem reconhecido que se reuniram de maneira informal com os insurgentes no Catar, no início de maio.

No encontro anterior, os talibãs reivindicaram uma revisão da Constituição, a abertura de um escritório insurgente e a saída das tropas estrangeiras do país como condições para iniciar um diálogo que permita pôr fim ao conflito.

O Alto Conselho, criado pelo último governo afegão para intermediar as negociações, afirmou então que tinha começado a negociar da ONU para que elimine de sua lista negra os talibãs que participem dos processos de paz, uma das condições estabelecidas.

Ghani destacou no fim de fevereiro que as bases para o diálogo se encontram no melhor momento em três décadas. Depois, em março, anunciou que seu governo tinha finalizado o documento de trabalho que guiará o processo.