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Oposição britânica quer que França pague indenização pelo caos em Calais

01/08/2015 10h16

Londres, 1 ago (EFE).- A líder interina do Partido Trabalhista britânico - primeiro da oposição -, Harriet Harman, pediu ao primeiro-ministro, David Cameron, que exija à França uma compensação pelo caos no porto francês de Calais, que está afetando a economia britânica.

Em carta divulgada neste sábado, Harman insiste que o chefe do governo exija indenizações para os caminhoneiros, empresas e veranistas britânicos que foram prejudicados pelos atrasos e interrupções no Eurotúnel.

A situação de crise em Calais, onde fica o túnel que liga França e Inglaterra por baixo do Canal da Mancha, deriva das tentativas diárias de centenas de imigrantes de se infiltrar nessa instalação com o objetivo de chegar ao Reino Unido.

"Não é certo que as empresas e as famílias britânicas tenham que enfrentar esses custos pelas falhas de segurança na fronteira da França", escreve a trabalhista.

Harman diz a Cameron que, em suas conversas com o presidente francês, François Hollande, incluirá "um pedido de indenização apoiado por toda a pressão diplomática que for necessária", com uma "compensação deve cobrir todas as perdas", especifica.

A deputada também critica a gestão do primeiro-ministro conservador, sobre a qual diz que não viu "nenhuma solução séria para a crise", pois não se iniciaram gestões diplomáticas para pressionar o governo francês a fim de realizar as solicitações de asilo dos imigrantes.

Em vez disso, acrescenta, Cameron se dedicou a "inflamar a situação com linguagem incendiária e divisória, que só servirá para fazer o problema aumentar".

Há poucos dias, o Cameron causou polêmica ao descrever como "praga" os imigrantes que tentam chegar à Inglaterra.

Cerca de 3,5 mil imigrantes ilegais, que se alojam em um acampamento provisório em Calais, tentaram se infiltrar no Eurotúnel nesta semana para atravessar a fronteira e chegar ao território britânico, sendo que pelo menos nove morreram na mesma tentativa ao longo dos últimos dois meses.

As interrupções e atrasos que isso provoca afetaram os caminhões que transportam mercadorias entre o Reino Unido e a Europa continental e aos turistas que saem de férias, enquanto algumas empresas do sul da Inglaterra também foram prejudicados.

O condado mais desfavorecido é o de Kent, onde fica o terminal inglês do Eurotúnel, que teve que iniciar uma operação especial para que os caminhões afetados possam estacionar na estrada.

Cameron e Hollande conversaram ontem por telefone sobre a crise e acordaram seguir trabalhando para abordar a imigração ilegal, segundo um comunicado.

O primeiro-ministro anunciou na sexta-feira que o Reino Unido enviará "mais cães adestrados, mais cercas e mais assistência" para reforçar a segurança em Calais, o que se soma aos 120 policiais adicionais enviados pelo governo francês.