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Senado dos EUA debate polêmica sobre venda de tecido de fetos abortados

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Imagem: Thinkstock

Em Washington

03/08/2015 21h10

O Senado dos Estados Unidos votou pela primeira vez nesta segunda-feira (3) sobre a possibilidade de suspender o repasse de recursos federais a Planned Parenthood, uma ONG de planejamento familiar que realiza abortos em nível nacional, após a revelação da venda de tecidos de fetos para pesquisadores.

Com 53 votos a favor e 46 contra, os senadores republicanos não conseguiram a maioria necessária para cortar a verba destinada à Planned Parenthood, uma causa que ganhou força entre os mais conservadores e levou alguns deles ameaçarem a paralisar o governo.

A polêmica teve início em julho, quando foram revelados quatro vídeos gravados com câmera escondidas por uma organização antiaborto. Nas imagens, representantes da Planned Parenthood conversavam sobre a venda de tecidos de fetos abortados por valores entre US$ 30 e US$ 100 para fins de pesquisa.

Vender partes de fetos é ilegal nos EUA, mas a organização defendeu energicamente a prática, alegando que só cobra o suficiente para cobrir seus próprios custos para preservar e transportar os tecidos até os pesquisadores, algo permitido pela lei federal.

De qualquer forma, a polêmica agravou a suspeita de muitos republicanos sobre a Planned Parenthood. A organização recebe mais de US$ 500 milhões por ano do governo federal, a maior parte por meio de subvenções e do programa de seguros médicos para pessoas com poucos recursos, o Medicaid.

A ONG não só realiza abortos, mas também presta auxílio sobre a saúde reprodutiva, além de realizar exames e fornecer tratamento para doenças sexualmente transmissíveis e alguns tipos de câncer, como o de mama.

Os republicanos acusam a Planned Parenthood de vender o tecido fetal para lucrar, algo que seria ilegal no país e que é categoricamente negado pela organização.

A Casa Branca alertou que o presidente Barack Obama vetará qualquer orçamento que retirar recursos destinados à Planned Parenthood, questionando também a autenticidade dos vídeos contrários à organização, que teriam sido produzidos "por motivos ideológicos" por uma entidade antiabortiva.

Vários senadores democratas defenderam hoje a manutenção dos repasses à Planned Parenthood. O líder do partido no Senado, Harry Reid, disse que a retirada dos recursos afetaria milhões de mulheres que precisam da organização para receber atendimento médico.

No entanto, a favorita na corrida democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, classificou como "preocupantes" os vídeos que deram início à polêmica.

Um grupo de 18 congressistas republicanos ameaçou na semana passada votar contra qualquer orçamento federal que inclua repasses para a Planned Parenthood. Se eles ganharem o apoio de mais senadores, podem forçar uma paralisação temporária do governo.