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Hungria responsabiliza sócios europeus por situação com refugiados

Centenas de imigrantes caminham em direção à fronteira austríaca, depois de deixarem a estação de trem de Budapeste, na Hungria - Bernadett Szabo/Reuters
Centenas de imigrantes caminham em direção à fronteira austríaca, depois de deixarem a estação de trem de Budapeste, na Hungria Imagem: Bernadett Szabo/Reuters

Em Luxemburgo

05/09/2015 05h02

O ministro de Relações Exteriores e Comércio da Hungria, Péter Szijjárto, considerou neste sábado (5) que as "irresponsáveis declarações" de políticos europeus são a causa da crise que seu país enfrenta com os refugiados do Oriente Médio, que começaram uma marcha rumo à fronteira com a Áustria.

"O que acontece na Hungria desde ontem à noite é consequência do fracasso da política de migração da União Europeia e das graves e irresponsáveis declarações feitas por políticos europeus", declarou Szijjárto em sua chegada ao segundo e último dia de uma reunião informal de ministros das Relações Exteriores da UE.

O governo húngaro anunciou ontem à noite que colocava à disposição cem ônibus para transferir os refugiados em território húngaro até a fronteira, uma decisão que tinha sido aprovada pouco antes pelo parlamento.

"Começaram a andar pela estrada e pela linha de ferrovia mais importante do país. Ocorreu uma situação de emergência e, por isso, pusemos ônibus para que possam ir à fronteira com a Áustria, que é aonde queriam ir", disse Szijjárto.

Por sua vez, o porta-voz do governo húngaro, Zoltán Kovács, ressaltou hoje que a transferência de milhares de refugiados da estação de trens Keleti de Budapeste e da estrada M1 até a fronteira com a Áustria foi um caso único.

"O governo não quer repetir a ação", afirmou Kovács à televisão pública "M1" na cidade de Hegyeshalom, na fronteira com a Áustria.

Szijjárto detalhou que os refugiados e migrantes que se encontram na Hungria "estão cada vez mais agressivos, rejeitam a cooperação das autoridades, não querem ser registrados nem ir aos lugares determinados para eles".

O ministro húngaro insistiu que a proteção das fronteiras exteriores "é muito importante" para seu país e que, por esse motivo, o parlamento húngaro "introduziu mudanças como determinar que se alguém danifica a cerca com a Sérvia e entra ilegalmente comete um crime", com possíveis penas de prisão ou a expulsão.

O responsável da diplomacia húngara lembrou que a regulação europeia "diz muito claramente que o procedimento de asilo tem que ser tramitado no país onde foi recebido".

"Estabelecemos zonas de passagem na fronteira com a Sérvia onde os refugiados têm a possibilidade de apresentar uma solicitação de asilo e em dez dias receber uma resposta", apontou.

Os ministros europeus terão hoje um debate sobre a crise migratória e de refugiados, mas, por tratar-se de uma reunião de natureza informal, não tomarão decisões.