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Oposição síria diz que plano de paz de mediador da ONU é inaceitável

03/10/2015 12h49

Beirute, 3 out (EFE).- Os principais grupos da oposição política e armada da Síria qualificaram neste sábado de "inaceitável" o formato da iniciativa do enviado especial da ONU Staffan de Mistura para abrir negociações que conduzam à paz na Síria.

Em comunicado, os opositores explicaram que não consideram viável o plano se ele não levar em conta uma série de condições e forem eliminadas algumas "ambiguidades".

"Achamos que a iniciativa dos 'grupos de trabalho' ignora a maioria das resoluções relevantes da ONU sobre a Síria", apontaram.

Após meses de consultas com as diferentes partes, De Mistura propôs um plano para entabular um processo de negociação através de grupos de trabalho, formados pelas distintas facções sírias, para abordar os aspectos-chave do Comunicado de Genebra.

Esses temas fundamentais são a segurança e a proteção, os assuntos políticos e constitucionais, os aspectos militares e a manutenção das instituições públicas.

O Comunicado de Genebra é um documento aprovado em junho de 2012 pelas potências internacionais, que estipula a criação de um governo de transição na Síria, em que estejam presentes membros do regime e da oposição, entre outras medidas.

De acordo com os opositores, a proposta do mediador internacional requer a "construção da confiança entre o povo sírio e a parte que apoia o processo político, ou seja, a ONU".

Para eles, essa confiança só se pode ser construída através da aplicação das resoluções da ONU, que "até agora o regime sírio desabilitou".

A nota advertiu que a iniciativa de formar grupos de trabalho "em sua forma atual e com seus mecanismos pouco claros cria o ambiente perfeito para que o regime se reproduza" no futuro.

Eles destacaram que esses grupos deveriam ser baseados em "princípios claros em relação aos padrões na seleção de seus participantes e à visão final para uma solução".

No entanto, insistiram em seu "compromisso" de alcançar uma saída política "a fim de conseguir os objetivos da revolução, preservar a identidade do povo sírio e acabar com seu sofrimento".

Lembraram que os sírios "perderam totalmente a confiança na capacidade da comunidade internacional na hora de apoiar sua causa após cinco anos de crimes do regime cometidos com respaldo iraniano, cobertura política russa e uma legitimidade, que a comunidade internacional segue proporcionando a um regime criminoso".

Para os opositores, o mais importante para readquirir a confiança do povo sírio é que "se declare de forma explícita que a cabeça do regime e seus pilares não podem ter nenhum papel no processo político".

Nesse sentido, destacaram que o presidente sírio, Bashar al Assad, "não pode ter lugar" nesse processo.

Eles ainda condenaram "a escalada militar direta da Rússia na Síria" e consideraram que o regime de Damasco é o responsável total pelo país ter se transformado em "um fervedouro de intervenção estrangeira".

O comunicado é assinado pela Coalizão Nacional Síria (CNFROS), a principal aliança política opositora, e por mais de 60 facções armadas, entre elas o moderado Exército Livre Sírio (ELS) e outras de tendência islamita, como os Livres de Sham, a Frente do Levante e o Exército do Islã.

Em poucas ocasiões tantas organizações armadas e políticas da oposição na Síria se puseram de acordo, historicamente têm uma relação marcada pelas divisões.