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Obama diz que "sentimento anti-imigrante nos EUA não é novo, mas é um erro"

09/10/2015 02h21

Raquel Godos.

Washington, 8 out (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reconheceu nesta quinta-feira que o "sentimento anti-imigrante" nos Estados Unidos "não é algo novo", mas insistiu que "está errado" e rejeitou os discursos "incendiários" e as posições que defendem "as bandeiras da intolerância".

Durante seu discurso na cerimônia de premiação do Instituto do Caucus Hispânico do Congresso (CHCI), realizada hoje em Washington, o presidente se referiu, mas sem citar nomes, ao pré-candidato republicano Donald Trump, que causou grande repercussão por sua posição contra os imigrantes.

"Liderança não é avivar as chamas da intolerância e depois se fazer de surpreso quando acontece um incêndio. O sentimento anti-imigrante que infectou nossa política não é novo, mas é um erro", garantiu Obama.

"A grandeza dos Estados Unidos não está na construção de muros. Nossa grandeza está na construção de oportunidades", disse o presidente aos presentes, e lembrou que, além dos índios navajos, "todos" nos Estados Unidos vieram "de outro lugar".

Aplaudido em várias ocasiões pelos presentes, Obama resgatou um dos lemas mais efetivos de sua campanha de reeleição: "Não vaiem, votem. Porque não ouvirão suas vaias, mas seus votos", acrescentou o líder.

Obama enfatizou que é importante que os latinos se registrem para votar nas próximas eleições e não façam de seu silêncio político uma vitória para aqueles republicanos que pretendem restringir seus direitos.

Em seu discurso, Obama fez uma retrospectiva das conquistas de seu mandato, desde a drástica redução do desemprego, também entre os latinos, até o aumento do acesso aos planos de saúde, passando pela geração atual de emprego que contrasta com a destruição de milhares de postos de trabalho durante o período em que chegou à Casa Branca.

No entanto, o presidente reconheceu que "as mudanças" não se alcançam de um dia para outro, "nem em uma legislatura, nem durante o mandato de um presidente", e pediu aos presentes e à comunidade latina que "votem" para continuar trabalhando por essas mudanças que, segundo ele, são possíveis.

Além disso, o presidente lembrou que o bloqueio no Congresso da tão esperada reforma migratória não pode continuar sendo justificado com argumentos falsos, quando os números demonstram que a segurança fronteiriça é mais efetiva do que nunca e os especialistas coincidem em afirmar que a reforma representaria um impulso para a economia do país.

Obama também se referiu a seu antecessor, George W. Bush, que "fez da reforma migratória uma de suas prioridades", mas que agora seus colegas republicanos se recusam a chegar a um acordo para aprimorar um sistema migratório que todos sabem que é ineficiente.

"Não há nenhum tema no qual queiram retroceder mais do que na questão migratória" disse o presidente sobre os republicanos. "Pensem no quão melhor seria nossa economia se o resto de seu partido entendesse sua mensagem".

Obama também prometeu seguir lutando "a cada dia" que lhe resta na Casa Branca para melhorar as condições dos imigrantes, brigar pela reforma migratória e pelo acesso gratuito à educação superior para aumentar as oportunidades de todos os cidadãos.

"Sim, é possível, juntos podemos. Que Deus os abençoe", disse em espanhol ao encerrar seu discurso.

Durante a cerimônia, na qual a pré-candidata democrata à presidência, Hillary Clinton, também discursou, foram premiados o jogador de futebol americano Anthony Muñoz, a educadora Sonia Gutiérrez, a ativista Alejandra Ceja e a atriz porto-riquenha Roselyn Sánchez, junto ao chef espanhol José Andrés, como reconhecimento por sua contribuição à comunidade latina dos EUA.