Topo

Explosões deixam ao menos 95 mortos na capital da Turquia

Da Efe, em Ancara

10/10/2015 06h09Atualizada em 11/10/2015 08h40

Pelo menos 95 pessoas morreram em um atentado realizado neste sábado (10) em Ancara, capital da Turquia, contra uma manifestação pela paz convocada por sindicatos e conselhos profissionais, afirmou o gabinete do primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu. Este deve ser o maior atentado da história da Turquia moderna.

Mais de 170 pessoas estão feridas, e o saldo de mortos pode aumentar ainda mais.

Duas explosões aconteceram por volta das 7h GMT (4h de Brasília) logo após o início da manifestação "Paz, Trabalho e Democracia", que se concentrou nos arredores da estação central de Ancara.

Davutoglu afirmou que os ataques foram realizados provalvelmente por homens-bomba.

"Existem provas claras que demonstram que este ataque foi lançado por dois suicidas", afirmou ante a imprensa Davutoglu, que também anunciou três dias de luto nacional pela tragédia.

Posteriormente, Davutoglu afirmou que as autoridades ainda não receberam nenhuma reivindicação do atentado. No entanto, apontou três movimentos que, em sua opinião, podem ser possíveis autores: o PKK, o Estado Islâmico (EI) e o partido Frente Revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C), de extrema-esquerda.

"Estamos diante de um massacre terrível. Foi cometido um ataque bárbaro", declarou o copresidente do HDP (Partido Democrático dos Povos, pró-curdo) Selahattin Demirtas, acrescentando: "Estamos diante de um Estado assassino que se transformou em uma máfia".

Em uma declaração, o presidente islamita-conservador Recep Tayyip Erdogan denunciou "este atentado abjeto contra nossa unidade e a paz de nosso país", e prometeu "a resposta mais forte" contra seus autores.

O ataque ocorreu a três semanas das eleições legislativas antecipadas, previstas para o dia 1º de novembro.

A manifestação de hoje, na qual eram esperados milhares de participantes, também tinha como objetivo protestar contra a escalada da violência nas regiões curdas da Turquia.

Desde a ruptura do cessar-fogo entre a guerrilha curda do Partido dos Trabalhadores de Curdistão (PKK, sigla em curdo) e o Exército turco, centenas de pessoas morreram em vários ataques, atentados e enfrentamentos.

Sem mencionar o atentado, o PKK anunciou neste sábado a suspensão de suas atividades antes das eleições.

"Nosso movimento decretou um período de inatividade de nossas forças de guerrilha, salvo se nossos militantes e combatentes forem atacados", anunciou em um comunicado a União de Comunidades do Curdistão (KCK), que reúne todos os movimentos rebeldes.

"Não faremos nada que possa impedir eleições justas", acrescentou o movimento.