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Mianmar assina acordo de cessar-fogo com 8 grupos guerrilheiros

15/10/2015 03h02

(Atualiza com assinatura efetiva do acordo e acrescenta declarações do presidente).

Bangcoc, 15 out (EFE).- O governo de Mianmar assinou nesta quinta-feira um acordo de cessar-fogo com oito guerrilhas das minorias étnicas do país como passo prévio rumo a um processo formal de diálogo, faltando menos de um mês para as eleições gerais no país.

"O caminho para um futuro de paz em Mianmar está aberto. O acordo nacional de cessar-fogo é uma herança duradoura para as futuras gerações", disse o presidente Thein Sein durante a cerimônia na capital Naypyidaw, que foi retransmitida pela emissora de televisão estatal.

O presidente birmanês destacou o consenso sobre o conteúdo do documento assinado, e garantiu que "a porta está aberta" para os outros grupos que não o assinaram, e se comprometeu a seguir trabalhando com eles para incluí-los no processo.

"Uma paz duradoura e sustentada em nosso país não pode ser atingida apenas com o cessar-fogo. É preciso diálogo político para abordar os problemas de fundo", disse Thein Sein em seu discurso, que foi difundido pela organização governamental Centro pela Paz em Mianmar.

O governo, herdeiro da última junta militar, buscava uma trégua em todo o país antes do pleito de 8 de novembro e como aval para o processo de reformas iniciado depois que Thein Sein assumiu o poder em 2011.

No entanto, não conseguiu convencer sete organizações que tinham sido convidadas para fazer parte do acordo, que reivindicavam a inclusão de outros seis grupos armados.

Entre os que ficaram à margem do cessar-fogo está o Exército do Estado Wa Unido, considerado o maior e mais bem armado do país, e o Exército pela Independência Kachin, que mantém combates com o exército birmanês desde que rompeu um cessar-fogo bilateral em 2011.

As negociações para se chegar ao cessar-fogo nacional, que vai vigorar por cerca de dois anos, foram realizadas mesmo com a continuação da ofensiva do exército birmanês contra as guerrilhas kokang e ta'ang, no nordeste do país.

Entre os grupos que fizeram parte do acordo está a União Nacional Karen (KNU), cuja insurgência contra as autoridades birmanesas, uma das mais longevas do mundo, remonta ao período anterior à independência do país em 1948.

O governo retirou as oito guerrilhas que participaram do pacto da lista de organizações ilegais e mantém a oferta aos outros grupos armados para que sejam incluídos no cessar-fogo mais adiante.

Uma maior autonomia é a reivindicação principal de quase todas as minorias étnicas birmanesas, entre elas os shan, os karen, os rakain, os mon, os chin, os kayah e os kachin, que representam mais de 30% dos 53 milhões de habitantes do país.