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Promotor do caso López afirma que fugiu da Venezuela por pressões do governo

24/10/2015 04h18

Caracas, 23 out (EFE).- O promotor Franklin Nieves, um dos que participaram do julgamento em que o opositor venezuelano, Leopoldo López, foi condenado, garantiu nesta sexta-feira em uma gravação de vídeo divulgada por um meio local que deixou o país devido às pressões do governo da Venezuela para que formulasse acusações "falsas" contra o político.

"Decidi sair da Venezuela com minha família em virtude da pressão que o Executivo Nacional e meus superiores hierárquicos estavam exercendo para que eu continuasse defendendo as provas falsas com as quais se condenou o cidadão Leopoldo López", afirmou o promotor em um vídeo divulgado pelo site de informação venezuelano "La Patilla", que garantiu que a gravação é autêntica.

Segundo o promotor, essa instrução para que "continuasse defendendo as provas falsas" contra López "deveria ser feita com a contestação da apelação e argumentando em defesa da condenação que lhe foi proferida pela juíza responsável pelo caso".

No vídeo, Nieves também exortou juízes e promotores a "dizerem a verdade" apesar das pressões que, segundo ele, recebem de seus superiores, que os ameaçam "com a exoneração, com prisão, e uma série de argumentos absurdos que sempre são impostos para nos ameaçar e para que possamos realizar o capricho de todas essas pessoas".

"Meus amigos juízes, meus companheiros promotores, eu lhes convido a dizer a verdade, como eu neste momento quero fazer o certo, perder o medo e dizer a verdade, quero que sejam valentes, que levantem suas vozes e manifestem seu descontentamento com a pressão exercida por nossos superiores e suas ameaças", disse Nieves na gravação, que dura quase quatro minutos.

O promotor afirmou que nos próximos dias irá revelar "toda a verdade do que aconteceu" no julgamento de López e responsabilizou de antemão o governo de Nicolás Maduro e seus superiores por qualquer coisa que possa acontecer consigo mesmo e com sua família.

Após a divulgação do vídeo, o advogado responsável pela defesa de López, Juan Carlos Gutiérrez, se pronunciou no Twitter e declarou que as palavras de Nieves são uma evidência da "ilegalidade da condenação" de seu cliente.

López foi sentenciado a 13 anos, nove meses, sete dias e 12 horas de prisão por sua suposta responsabilidade na violência gerada durante uma manifestação antigovernamental no início de fevereiro de 2014, após um processo que durou mais de um ano.