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Religiosos muçulmanos e judeus rezam juntos em Paris por vítimas de atentados

15/11/2015 16h08

Paris, 15 nov (EFE).- Representantes religiosos da comunidade muçulmana e judaica de Paris rezaram juntos neste domingo pelas vítimas dos atentados de Paris em frente à casa de shows Bataclan, local com maior número de mortos nos ataques, e pediram que o Islã não seja estigmatizado por esses "atos de barbárie".

"Os franceses muçulmanos não têm nada a ver com isso, com esses bárbaros e assassinos", disse à imprensa local Hassan Chalghoumi, imã da mesquita de Drancy, cidade ao nordeste de Paris.

Chalghoumi estava acompanhado de outros imames e representantes religiosos judeus, que rezaram em um altar improvisado com mensagens e velas junto ao perímetro policial que ainda cerca o Bataclan, onde morreram 89 das 129 vítimas dos atentados.

"Sou francês, sou muçulmano. Nosso Islã ama a vida, respeita a vida. Esses bárbaros sequer pertencem à civilização", disse Chalghoumi, religioso nascido na Tunísia, e conhecido por sua ação de diálogo com judeus, uma atitude que provocou ameaças de fundamentalistas islâmicos.

"Estamos aqui para denunciar, para dizer que não podemos ser divididos", ressaltou.

Outros dos imames presentes no ato afirmou que a oração se destinava a toda humanidade, porque no Islã "se considera que a fraternidade humana está à frente de toda fraternidade religiosa"

"Rezamos por todo o mundo e expressamos nossas condolências a todas as vítimas. Ficamos abalados pelo que passou e pela imagem dos muçulmanos", afirmou.

Um líder religioso judeu, que colocou no altar um candelabro com velas acesas, explicou que o símbolo representa a diversidade e explicou que, "da mesma forma que as velas, todos seguimos um caminho parecido".

O ativista pelas relações entre muçulmanos e judeus Eric Gozlan pediu que não haja "nenhuma estigmatização aos muçulmanos". "Ninguém pode dizer que os muçulmanos são terroristas. Toda a França responde com a mesma voz", ressaltou.

Por sua vez, o escritor e intelectual franco-polonês Marek Halter, perseguido pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e conhecido por promover o diálogo cultural com suas obras, afirmou que "todos pedem união, mas a Frente Nacional já estigmatizou os muçulmanos".

Halter fez referência à líder do partido ultradireitista, Marine le Pen, que disse que o "terror é muçulmano".

"Esses são os representantes de 7 milhões de muçulmanos que dizem 'não', não a essa cultura blasfema em nome de Alá", disse o escritor em alusão aos terroristas responsáveis pelos atentados de Paris.

Os representantes religiosos concluíram a homenagem às vítimas dando as mãos e cantando "A Marselhesa", o hino nacional francês. EFE

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