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Marcos Peña, o jovem cérebro que comandará o gabinete de Macri na Argentina

25/11/2015 22h58

Aldana Vales.

Buenos Aires, 25 nov (EFE).- Homem forte no governo da cidade de Buenos Aires e principal estrategista na campanha que levou Mauricio Macri à presidência da Argentina, Marcos Peña será agora o encarregado de comandar o novo gabinete de ministros que assumirá no próximo dia 10 de dezembro.

Especialista em evitar conflitos ao longo de sua carreira política, Peña deu à campanha eleitoral de Macri uma marca de diálogo e atmosfera positiva, quando todos esperavam um estilo agressivo contra o atual governo.

Este analista político de 38 anos acredita na "vocação de abertura" de Macri. "Convocaremos todos", disse à Agência Efe quando ainda faltavam poucos dias para o segundo turno do último dia 22 de novembro.

Peña é o mais novo de cinco irmãos. Seu pai, Félix, era um especialista em comércio exterior que trabalhou no Banco Interamericano de Desenvolvimento. Sua mãe, Clara Braun, uma catequista.

Pelo trabalho do pai, a família viveu nos Estados Unidos e Peña estudou na Way Side Elementary School de Potomac, em Maryland. Outra vez em Buenos Aires, terminou seus estudos no colégio Champagnat da capital argentina.

Após concluir a licenciatura em Ciências Políticas na Universidade Torcuato Di Tella, foi "voluntário" na campanha presidencial de José Octavio Bordón, candidato da Frente País Solidário (FrePaSo) que concorreu, sem sucesso, contra Carlos Menem em 1995.

Seu candidato perdeu, mas Peña acabou trabalhando no governo de Menem como voluntário no Subsecretariado de Comércio Exterior junto com seu pai.

Logo o jovem conseguiria uma cadeira na Legislatura da cidade de Buenos Aires em 2003. Com 26 anos, Peña se transformou no legislador portenho mais jovem no momento de sua eleição.

Em 2002, já tinha começado a trabalhar com Macri, na Fundação Crer e Crescer, na fracassada campanha do agora presidente eleito para chegar à prefeitura.

Também nesse ano, enquanto trabalhava na gestação da força política Compromisso para a Mudança, conheceu a jornalista Luciana Mantero, com quem se casou e teve dois filhos.

Após a formação do Proposta Republicana, partido liderado por Macri e que surgiu do Compromisso pela Mudança, Peña liderou a lista de legisladores portenhos em 2005.

Finalmente, em 2007, Macri conseguiu se tornar prefeito de Buenos Aires e o convocou como secretário-geral do governo da cidade de Buenos Aires, papel que exerceu durante os últimos oito anos, com perfil discreto, mas grande protagonismo.

Gestão da comunicação do governo, estratégias políticas, análise de enquetes... Peña se encarregou de tudo nestes anos que trabalhou na prefeitura.

Macri o consultou diariamente, somando-o ao seu círculo mais íntimo. Quando decidiu chegar à Casa Rosada, pôs Peña no comando de decisões estratégicas, que muitas vezes aceitou sem estar totalmente de acordo.

São duas as principais decisões que tomou: em 2011 convenceu Macri a tentar a reeleição na capital argentina e não aventurar-se em uma candidatura presidencial contra a boa imagem que Cristina Kirchner tinha nesse ano.

No início deste ano e contra a opinião de vários dirigentes do Pró, também se negou a fechar um acordo eleitoral com o peronista dissidente Sergio Massa.

"Hoje Macri é um dos líderes mais importantes da Argentina em nível regional. É um dirigente político que expressa uma nova época e essa liderança vai além de um cargo", declarou Peña à Efe nas vésperas do triunfo do líder da coalizão Cambiemos.

A partir do próximo dia 10 de dezembro, Peña será o chefe de gabinete de ministros, um papel que, na Argentina, significa ser o verdadeiro responsável pela administração do Estado.