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Primeiro-ministro francês defende cota limite para refugiados na Europa

25/11/2015 10h06

Berlim, 25 nov (EFE).- O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, defendeu o estabelecimento uma cota máxima de refugiados na Europa perante a entrada em massa de peticionários de asilo na região Schengen.

"Não podemos receber mais refugiados na Europa. Não é possível", afirmou Valls na entrevista concedida a uma dúzia de jornais europeus.

No entanto, o primeiro-ministro socialista evitou criticar diretamente a política de portas abertas defendida pela chanceler alemã, Angela Merkel.

Para ele, a resposta europeia à crise dos refugiados passa por melhorar os controles nas fronteiras exteriores da região de Schengen e cooperar com Turquia, Líbano e Jordânia, países que fazem fronteira com a Síria, já que é o país de origem da grande maioria dos peticionários de asilo.

Sobre a primeira questão, Valls advertiu que o controle das fronteiras exteriores é "decisivo" para o futuro da UE: "Se não o fizermos, os cidadãos dirão: 'Basta, chega da Europa!'".

Quanto à ajuda aos vizinhos da Síria, o primeiro-ministro indicou que, em vez de continuar permitindo um fluxo "incontrolado" de imigrantes, seria preciso encontrar "soluções" para que Turquia, Líbano e Jordânia, possam receber ainda mais refugiados.

Atualmente, de acordo com a Anistia Internacional, quatro países, Turquía, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito acolhem quatro milhões de sírios, 95% dos refugiados do país.

O Líbano tem 1,2 milhão de refugiados sírios, o que representa um em cada cinco habitantes do país. A Jordânia acolhe 650 mil refugiados sírios, o que equivale a aproximadamente 10% de sua população.

Já a Turquia acolhe 1,9 milhão, mas não dá a eles o status de refugiados, o que os impede de serem socialmente inseridos. O Iraque, onde três milhões de pessoas sofreram deslocamentos internos no último ano e meio, recebeu 250 mil refugiados da Síria.

Outros periódicos europeus publicaram a entrevista com Valls, mas deram diferentes enfoques.

Na Itália, o jornal "La Repubblica" ressaltou que, "recusar o uso da palavra guerra é uma forma de negação da realidade. A Itália está ameaçada pelo terrorismo, vista sua posição estratégica no centro do Mediterrâneo".

Valls, que terá na quinta-feira em Paris um encontro com o primeiro-ministro Matteo Renzi, foi evasivo ao ser perguntado se considerou a resposta da Itália ao atentado de 13 de novembro à altura: "o que aconteceria se dissesse que não?".

O "Financial Times" destacou entre as palavras de Valls que a França viverá sob a ameaça do terrorismo "durante vários anos".

O político francês advertiu que "os franceses têm que se preparar para esta ameaça e levar em conta que provavelmente haverá mais atentados".

Valls se comprometeu a "aniquilar" o grupo islamita radical EI, que reivindicou os ataques em Paris: "É uma guerra, não uma guerra convencional, mas uma guerra", afirmou.