Topo

ONU recebe as chaves da COP21 em meio a medidas de segurança reforçadas

28/11/2015 20h31

Paris, 28 nov (EFE).- O palco da Cúpula do Clima (COP21) foi entregue formalmente à Organização das Nações Unidas (ONU) neste sábado, enquanto a França ativa fortes medidas de segurança perante o risco de atentados terroristas e da chegada de, aproximadamente, 150 líderes mundiais, o que inclui a proibição de manifestações e protestos.

A secretária da 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Christiana Figueres, recebeu das mãos do ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, as chaves do complexo de Le Bourget, ao norte de Paris, onde amanhã começarão as negociações para tentar limitar a, no máximo, 2 graus o aumento da temperatura do planeta.

Christiana lembrou que um dos principais desafios da COP21, que acontecerá até 11 de dezembro, é aproximar esse objetivo aos compromissos que 183 países já firmaram para reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa e que poderiam elevar a temperatura de 2,7 a 3,5 graus.

Embora ela tenha destacado que a existência desses planos nacionais já constitui "o primeiro sucesso concreto", a secretária indicou que as próximas duas semanas serão dedicas a fixar mecanismos para atingir medidas mais ambiciosas, com um controle claro e assumido por todos os países.

Um dos pontos mais delicados é o caráter vinculativo ou não de alguns aspectos do compromisso, levando em conta as reservas a um tratado internacional que imponha juridicamente obrigações a países como China e Estados Unidos, os dois maiores poluidores.

Para abrir os trabalhos, Fabius se reuniu hoje com os chefes de delegações na sede em Paris da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Os debates oficiais começarão amanhã, quando acontecerá a última reunião da COP20 que durante o último ano foi presidida pelo peruano Manuel Pulgar-Vidal, ministro de Ambiente.

Pulgar-Vidal passará o bastão ao chefe da diplomacia francesa, que terá o papel de anfitrião e diretor das discussões, sobretudo a partir de 5 de dezembro, quando receberá o resumo dos trabalhos de negociação, que serão debatidos paralelamente.

Em torno desses trabalhos estarão as 40 mil pessoas que devem circular diariamente pelos 18 hectares do Le Bourget, incluindo os membros das 196 delegações (195 países e a União Europeia), associações ambientais, empresas, ativistas e mais de 3 mil jornalistas. Todos eles estarão protegidos por 2.800 policiais e gendarmes franceses, aos quais se somarão agentes de segurança da ONU e os guarda-costas dos chefes de Estado e de governo.

O evento, concebido para dar "um impulso político" e margem de flexibilidade às negociações, é visto como um verdadeiro quebra-cabeça para as autoridades francesas, que pediram aos moradores de Paris que evitem a partir de amanhã o uso do veículo particular e, na medida do possível, também o transporte público.

Alguns dos principais eixos que conectam os dois aeroportos da cidade (Charles de Gaulle e Orly) com o Le Bourget vão estar reservados às delegações oficiais. A França nunca organizou um evento internacional para tamanha concentração de chefes de Estado e de governo.

As proibições não se limitam à circulação, mas o estado de emergência decretado na França após os atentados de Paris no último dia 13, com 130 mortos e mais de 350 feridos, impede também todas as manifestações e passeatas programadas coincidindo com a COP21. Apesar disso, algumas das associações organizadoras - minoritárias - desafiaram a proibição e, assim, centenas de pessoas de grupos opositores a criação de um aeroporto perto de Nantes (oeste da França) se reuniram hoje em Versalhes.