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Esquerda questiona alcance da recuperação econômica em Portugal

30/11/2015 16h50

Lisboa, 30 nov (EFE).- Os partidos de esquerda questionaram nesta segunda-feira o alcance da recuperação de Portugal e criticaram o governo anterior, de caráter conservador, perante o arrefecimento da economia durante o terceiro trimestre do ano.

Os socialistas, que agora lideram o Executivo após tomar posse na semana passada, consideraram que os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que "o discurso de recuperação econômica que se vendia antes das eleições (...) não era verdadeiro".

Em declarações aos jornalistas no parlamento, o porta-voz socialista, João Galamba, acusou os social-democratas do PSD e os democratas-cristãos do CDS-PP, no poder de 2011 até 2015, de exagerar suas previsões antes das eleições do último dia 4 de outubro.

"Estes dados mostram que as prioridades do novo governo em matéria econômica são as corretas: aumentar o rendimento familiar e o investimento. As variáveis do consumo e o investimento são as principais responsáveis da desaceleração do PIB no terceiro trimestre", destacou Galamba.

No Bloco de Esquerda, quarta força com mais cadeiras no parlamento português, a deputada Mariana Mortágua considerou que a economia lusa está "estagnada" e dá sinais de ser "incapaz de recuperar-se da crise dos últimos anos".

"Estes dados contradizem o discurso de êxito econômico apresentado durante a campanha (pelos conservadores), já que a economia não está crescendo, mas estancando-se, e os dados sobre o desemprego não mostram também uma redução", disse Mortágua a meios de comunicação portugueses em Paris, onde participa da Cúpula do Clima.

O Executivo anterior também foi alvo de crítica dos comunistas portugueses (PCP, quinta força no parlamento), que qualificaram de "grande mentira" as declarações sobre a melhora econômica do país.

"Estiveram dizendo que a crise estava superada e que o futuro seria agradável", lembrou à imprensa o deputado comunista António Filipe, que apontou a queda das exportações como motivo deste arrefecimento.

Segundo o INE, a economia portuguesa se estagnou entre julho e setembro em relação ao segundo trimestre do ano.

Em comparação com o mesmo período do ano anterior, o crescimento se situou em 1,4%, dois décimos menos que entre abril e junho.

Portugal voltou a crescer em 2014 após três anos consecutivos em recessão - coincidindo com o resgate financeiro, com uma queda acumulada superior a 6% - e seu PIB subiu 0,9% no ano passado, uma tendência de alta que o governo espera que se repita em 2015, para quando prevê um aumento de 1,6%.

A melhora da economia e do emprego (atualmente a taxa de desemprego se situa em 12,4%) é um dos principais desafios do novo governo socialista, que chegou ao poder graças a um compromisso assinado com as demais forças de esquerda para contar com seu apoio no parlamento.