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Menino cego de 10 anos aprende a construir robôs em 9 meses no Uruguai

Yenny Wince/Efe
Imagem: Yenny Wince/Efe

Raúl Martínez

Em Montevidéu

05/12/2015 14h05

Ter apenas dez anos de idade e ser cego não diminuiu a vontade de aprender do uruguaio Johan Pauluk, que em apenas nove meses descobriu como construir robôs, peças para carros e pequenos moinhos que giram com a luz solar.

Graças ao incentivo de seus pais, ele faz parte de um programa de robótica desenvolvido pelo governo do Uruguai, que integra sua formação escolar, no departamento de Río Negro, no oeste do pais.

Em entrevista à Agência Efe, a mãe do menino, Yenny Wince, contou que, logo depois do nascimento, foi detectado um retinoblastoma em seu filho, um câncer de retina que é mais frequente entre crianças menores de 15 anos. "Com um ano e meio ele perdeu a visão do olho esquerdo. Aos quatro, do direito, ficando totalmente cego", disse.

Diante do problema, os pais resolveram investir na "qualidade de vida" do filho e o levaram à Fundação Braille do Uruguai, em Montevídeu, onde ele aprendeu sobre o método de leitura para cegos.

Além disso, Yenny afirmou que eles contaram com um grande apoio do Conselho Diretor Central, órgão vinculado à Administração Nacional de Educação Pública, que enviava professores dois dias por semana para ensinar ao menino.

"Ele joga as cartas, que são feitas em braille, e também dominó. Se diverte ao mesmo tempo com as crianças que conseguem enxergar. Isso é fruto de nosso trabalho", explicou.

Em março desde ano, Pauluk entrou na quinta série de uma escola pública no departamento de Paysandu, no oeste do país, a duas horas de sua casa, especializada em trabalhar com meninos cegos. O local oferece o reconhecido Plano Ceibal, implantada no primeiro mandato do presidente Tabaré Vázquez (2005-2010) que, entre outros aspectos, garante um notebook por criança em idade escolar.

Desta forma, com a ajuda de professores e através do plano, foi realizado um projeto de robótica para as crianças, atraindo o interesse de Pauluk. Foi assim que ele aprendeu como construir peças de automóveis e pequenos moinhos que giram com a luz solar, utilizando um processo de memorização e atribuição de nomes específicos para cada peça.

"Ele gosta de tecnologias e inovação, se sente cômodo com tudo o que pode conseguir fazer. Neste ano conseguiu ficar no quadro de honra da escola", destacou orgulhosa a mãe de Pauluk.

Diariamente, Pauluk viaja de ônibus para chegar à escola em Paysandu, sendo recebido por uma amiga da família, que o leva ao local e posteriormente o leva de volta para casa.

A mãe do menino reconhece que o fato de ser cego deteve o menor de seus dois filhos que, pelo contrário, é uma criança de personalidade e motivada a conquistar seus objetivos.

Da mesma forma, Yenny, que destacou o orgulho de ver cada nova conquista do filho, destacou que esse êxito mudou sua forma de pensar e sempre buscar sua integração.

"Ele gosta de andar em bicicleta, em casa temos um espaço adaptado para que ele possa fazer isso. Também usa muito o computador e faz muitos exercícios. Nós fomos nos acostumando, é um menino muito capaz e estuda muito", explicou.

O pequeno cientista deseja continuar no caminho da robótica, apesar de sua mãe destacar que ele também se sente atraído pela programação de computadores.