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ONU encerra 2015 entre "êxito" de acordo climático e "horror" do terrorismo

Mario Villar

16/12/2015 18h40

O ano de 2015 esteve marcado para a ONU pelo "êxito" dos grandes acordos internacionais sobre clima e desenvolvimento e o "horror" do terrorismo jihadista e de conflitos como os de Síria, Iêmen e Sudão do Sul.

Assim resumiu nesta quarta-feira (16) o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, em entrevista coletiva na qual fez um balanço dos últimos meses e aproveitou para reivindicar mais unidade à comunidade internacional.

"O ano de 2015 nos trouxe tanto o êxito como o horror", disse Ban sobre seu penúltimo ano à frente das Nações Unidas.

No âmbito positivo, a ONU situa principalmente os grandes pactos internacionais forjados ao longo de 2015 e culminados este mês com o acordo sobre o clima fechado em Paris.

"O acordo de Paris sobre mudança climática é um sinal de esperança em tempos difíceis. É um triunfo do multilateralismo que mostra a ONU oferecendo os resultados que o mundo necessita desesperadamente", disse o diplomata coreano.

Segundo Ban, o pacto "superou as expectativas" graças, em boa parte, ao compromisso demonstrado pelos líderes mundiais para ir além do "mínimo comum denominador".

Além de Paris, as Nações Unidas conseguiram este ano unir todo o planeta em Nova York para adotar os Novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que guiarão a luta global contra a pobreza durante os próximos 15 anos.

Também se encerrou com sucesso a conferência de Adis-Abeba para elaborar o financiamento no futuro das políticas de desenvolvimento e a de Sendai (Japão) para reduzir os riscos perante grandes desastres.

"Juntos, estes planos e pactos criaram o cenário para um futuro que não deixe ninguém pra trás", garantiu hoje Ban, que também destacou os progressos vividos para resolver conflitos como o da Colômbia.

No outro lado da balança, o diplomata ressaltou que "o mundo deve investir mais energia política para prevenir e terminar com conflitos", entre os quais citou os de Síria, Líbia, Iêmen, Sudão do Sul e a escalada da violência que se vive no Burundi, um país que, segundo Ban, se encontra "à beira de uma guerra civil".

"Muitos dos conflitos de hoje, e muitas vezes infelizmente a resposta a eles, criaram um terreno fértil para o avanço do terrorismo", lamentou o chefe da ONU.

Segundo afirmou, responder à ameaça de Estado Islâmico, Boko Haram, Al Shabab e outros grupos similares "é crucial", razão pela qual deve apresentar no próximo mês um "plano de ação para prevenir o extremismo violento".

Outra das grandes prioridades para 2016 deve ser, de acordo com Ban, a resposta aos "épicos fluxos de refugiados e deslocados internos" que se vivencia atualmente.

Para a ONU, o mundo necessita de um "pacto global sobre mobilidade humana", uma prioridade que será abordada em vários eventos internacionais ao longo dos próximos meses e que culminará com uma grande cúpula em setembro, antes da Assembleia Geral da ONU.

"Demonizar e usar estas pessoas como bode expiatório com base em sua religião, etnia ou país de origem não tem lugar no século XXI", comentou Ban sobre o aumento da xenofobia.

O secretário-geral da ONU aproveitou, além disso, para defender a importância da organização, que este ano celebrou seu 70° aniversário, e para reivindicar apoio e união na hora de responder aos grandes desafios mundiais.

"Apesar dos altos e baixos, desde processos de paz até negociações sobre clima, não podemos nos permitir afrouxar. Há muito em jogo. Milhões de pessoas dependem que sigamos adiante", concluiu.

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AFP