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Burkina Fasso emite ordem internacional de detenção contra ex-presidente

Em imagem de outubro de 2014, manifestantes protestam em frente ao Parlamento de Burkina Fasso, contra o então presidente Blaise Compaoré - Issouf Sanogo/AFP
Em imagem de outubro de 2014, manifestantes protestam em frente ao Parlamento de Burkina Fasso, contra o então presidente Blaise Compaoré Imagem: Issouf Sanogo/AFP

Em Uagadugu (Burkina Fasso)

21/12/2015 17h09

Um juizado militar de Burkina Fasso emitiu uma ordem de detenção internacional contra o ex-presidente Blaise Compaoré, derrubado por uma revolta popular em outubro de 2014, pelo assassinato do líder revolucionário Thomas Sankara.

"Posso confirmar a ordem de detenção", declarou a meios de comunicação locais o coronel Sita Sangaré, diretor da Justiça militar de Burkina Fasso e promotor no caso de Sankara, conhecido como o "Che Guevara africano".

O ex-presidente Sankara foi assassinado junto a 12 de seus companheiros, em estranhas circunstâncias, durante o golpe de 1987 que levou Compaoré ao poder.

Em outubro deste ano, a autópsia dos restos enterrados no suposto túmulo do ex-líder de Burkina Fasso revelou que ele tinha morrido após receber dez tiros no peito, na cabeça e nas pernas.

No entanto, os advogados da família revelaram hoje que não foi detectado DNA nos restos mortais exumados em um cemitério nos arredores da capital.

A investigação sobre o assassinato de Sankara foi reaberta 28 anos após sua morte, pelo governo de transição que tomou o poder após os grandes protestos que obrigaram Compaoré a abandonar a presidência e a refugiar-se na Costa do Marfim.

No início deste mês, o general Gilbert Diendéré, líder do recente golpe de Estado em Burkina Fasso e aliado do ex-presidente Compaoré, foi acusado por um tribunal militar da morte de Sankara, assassinado em estranhas circunstâncias em 1987.

Diendéré está na prisão desde setembro passado após ter liderado um breve golpe de Estado apoiado pela guarda presidencial contra as autoridades de transição.

"Como parente [de Thomas Sankara], estou contente dos passos que se deram neste caso", afirmou Mousbila Sankara, primo do líder burquinense.

"Sei que será difícil que os marfinenses aceitem deter Compaoré e mandá-lo outra vez à casa. Mas pelo bem das relações entre ambos os países, prefiro que o mandem a outro país", acrescentou Mousbila.

Em 1983, Sankara liderou uma revolução marxista-leninista no Alto Volta, país rebatizado como Burkina Fasso, que nas línguas locais significa "terra do povo honesto".

Em Burkina Fasso ele ainda é lembrado como o homem que tentou modernizar o país e que demonstrou aos burquinenses que seu valor como povo não estava ligado às matérias-primas ou aos recursos naturais do país.