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Enviado especial russo visitou Israel em sigilo para discutir guerra na Síria

27/12/2015 08h57

Jerusalém, 27 dez (EFE).- Em sigilo, o enviado especial russo para a Síria, Alexander Lavrentiev, visitou na quinta-feira passada Israel, onde conversou com altas patentes israelenses sobre um possível acordo diplomático para encerrar o conflito armado na Síria, informou neste domingo o jornal "Ha'aretz".

O Conselho de Segurança da ONU aprovou há uma semana uma resolução para o início de negociações apoiadas pelas Nações Unidas entre o regime do presidente sírio, Bashar al Assad, e membros da oposição e grupos rebeldes no país árabe.

Israel não expressou publicamente sua posição sobre a resolução, embora o jornal aponte uma preocupação no Estado judeu perante a possibilidade de um acordo internacional sobre a Síria reforçar o Irã e a milícia xiita libanesa Hezbollah futuramente.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversou na terça-feira por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, segundo a imprensa e o próprio Kremlin.

De acordo com um comunicado do governo russo, Putin disse a Netanyahu que não havia outra alternativa a não ser avançar em negociações apoiadas pela ONU com objetivo de conseguir uma solução diplomática para a crise síria, que se prolonga desde 2011.

Ainda não há informações sobre se a visita sigilosa do enviado russo foi estipulada antes ou depois dessa conversa telefônica entre ambos os líderes.

Lavrentiev fez reuniões secretas em Jerusalém com integrantes do Ministério de Relações Exteriores israelense e do gabinete do primeiro-ministro.

O representante russo viajou a Israel junto ao chefe do gabinete para o Oriente Médio da Chancelaria russa, Sergey Vershinin, além de membros dos serviços de inteligência.

A delegação foi recebida pelo assessor de Segurança Nacional israelense, Yossi Cohen, que em algumas semanas assumirá a chefia dos serviços de inteligência no exterior, o Mossad.

Funcionários de alta patente citados por "Hareetz" disseram que Cohen e outros cargos israelenses apresentaram os interesses vitais de Israel aos russos, inclusive a manutenção da liberdade de impedir ataques terroristas procedentes da fronteira síria e que armamento avançado passe do território sírio a mãos do Hezbollah no Líbano.

Em paralelo, os altos funcionários israelenses deixaram clara a posição de que qualquer acordo diplomático formulado pelas potências mundiais sobre a Síria deverá incluir que o país deixe de ser plataforma direta ou indireta de ataques contra Israel.

Rússia e Israel estreitaram nos últimos meses sua parceria de modo consolidar um mecanismo para coordenar as operações militares na Síria, principalmente no que se refere ao uso do espaço aéreo sírio no qual sobrevoam aeronaves de ambos os exércitos.

Lavrentiev visitou Israel como parada de uma viagem que o levou a cinco países da região, entre eles Iraque, Jordânia, Egito e Emirados Árabes.